5 Passos para Montar uma Máquina de Vendas Previsível e Escalável no Agro

Ilustração de gestores do setor agro alinhando um funil de vendas em reunião com vista para a área rural.

Quer criar uma máquina de vendas que funcione mesmo quando a safra, o mercado ou a política apertam? Analistas e gestores de marketing do agro enfrentam sazonalidade, ciclos longos de decisão e uma cadeia de valor complexa. A boa notícia: é possível projetar um sistema previsível e escalável que reduz a dependência de milagres e aumenta a previsibilidade do caixa. Aqui você encontrará um caminho prático, com passos aplicáveis a agroindústrias, revendas, lojas de maquinário, indústrias de insumos e agritechs. Vou mostrar como alinhar estratégia, processos e tecnologia, como mapear jornadas de compra típicas do produtor e do representante, e como transformar dados em previsões acionáveis. Se você quer reduzir variação nas receitas, aumentar taxa de conversão e dimensionar equipes sem perder qualidade, siga as práticas recomendadas a seguir e adapte-as ao contexto da sua operação.

Diagnóstico do Problema e Contexto no Agro

Diagnóstico do Problema e Contexto no Agro

Quando você olha para um calendário agrícola, vê mais do que meses. Vê janelas de risco, janelas de oportunidade e buracos no caixa.

Uma revenda no Centro-Oeste me contou isso numa sexta chuvosa. A loja fatura bem, mas 60% das vendas acontecem em três meses. Três meses. O resto do ano? Ecos. O dono sabia que não ia eliminar a chuva. Não podia controlar a safra. Mas queria controlar as chances de venda. Isso é o ponto: não vamos vencer a natureza. Podemos, porém, reduzir a variabilidade comercial.

Comece aceitando que a imprevisibilidade vem de múltiplas frentes. Sazonalidade por cultura e região. Ciclos de decisão longos — às vezes meses. Dependência do preço das commodities. Logística que fecha ou abre por estrada alagada. E canais variados: representante, revenda, e-commerce B2B. Tudo misturado. E aí vem a pergunta: por onde começar?

Comece pelo diagnóstico verdadeiro. Não por achismo. Por dados. Por mapa. O diagnóstico não é só um checklist frio. É um retrato do que trava o funil. E também do que pode ser melhorado rápido.

Identificação das variáveis críticas. Liste o que mais importa. Em ordem de impacto, por exemplo:

  • Sazonalidade por cultura e por região. Algumas culturas concentram 80% do gasto pré-safra. Outras são contínuas.
  • Ciclo de decisão do cliente. Um produtor familiar decide rápido. Uma cooperativa leva meses. Revendas decidem por estoque e prazo.
  • Dependência de canais. A representatividade de cada canal muda totalmente a previsibilidade.

Faça perguntas simples. Quando o produtor compra? Antes da semeadura? Durante? Quem mais influencia a compra? O técnico? O gerente da revenda? Responda isso com dados, não com conversa de corredor.

Qualidade do pipeline. Aqui mora grande parte da imprevisibilidade comercial. Perguntas a responder:

  • Quantos leads entram por mês? E fora da safra? E por canal?
  • Quantos avançam de etapa? Onde mais vazam?
  • Taxa de conversão por etapa. Tempo médio de fechamento.

Não adianta ter muitos leads em março se todos viram proposta em maio. Você precisa medir fluxo e ritmo. Se o tempo médio de fechamento é 120 dias, prever receita trimestral vira jogo de adivinhação.

Capacidades internas. Antes de comprar ferramenta brilhante, verifique competências.

  • Ferramentas de CRM e automação: estão configuradas para o ciclo longo do agro?
  • Competências da equipe comercial e marketing: entendem jornada do produtor? Conseguem falar técnica sem ser chato?
  • Dados disponíveis: vendas, comportamento, estoque, intenção de compra histórica.

Muitas empresas no agro têm dados. Mas os dados estão em listas, planilhas, notas fiscais e memória. Não adianta CRM vazio. Nem CRM com dados errados. Governança dos dados. Esse é o ponto.

Um exemplo prático. Voltemos à revenda do Centro-Oeste. 60% das vendas em três meses. Para prever a receita anual, o time fez algo simples e brutalmente eficaz:

1) Mapearam o pipeline pré-safra com base em intenção de compra declarada.
2) Cruzaram intenção com histórico por produtor.
3) Checaram o nível de estoque da revenda por produto crítico.

Com esses três inputs, conseguiram modelar uma curva de receita mais realista. Não perfeita. Mais realista. E isso já bastou para ajustar compras, ofertas e condições comerciais.

Pequena tabela para clarear o diagnóstico. Um olhar rápido que você pode reproduzir:

| Métrica | Situação crítica | O que medir | Impacto na previsibilidade |
|—|—:|—|—:|
| Leads mensais | Baixo fluxo fora da safra | Fontes por canal | Reduz capacidade de manter funil |
| Tempo de fechamento | >120 dias | Tempo por segmento | Dificulta previsão trimestral |
| Taxa de conversão | Alta sazonalidade | Conversão por etapa | Revela gargalos operacionais |

Veja a tabela e não ignore o que grita. Se os leads mensais caem fora da safra, você precisa criar fontes alternativas. Se o tempo de fechamento passa de 120 dias, ações táticas não resolvem. É preciso reestruturar jornada.

Diagnóstico não é um documento, é uma entrega prática. Ao final você precisa ter três coisas na pasta. Três entregas simples e acionáveis:

1) Um mapa das sazonalidades por produto e região. Mês a mês. Quem gasta quando. Quem decide quando.
2) Um funil com métricas iniciais. Leads por etapa, taxa de conversão, tempo médio por etapa.
3) Uma lista de gaps em dados e ferramentas. O que falta para medir, automatizar e agir.

Essas três entregas guiam a construção da máquina de vendas. Sem elas, qualquer tecnologia vira gasto.

Diagnóstico prático: como montar isso, passo a passo rápido.

  • Faça entrevistas curtas com 8 produtores representativos. Perguntas fechadas. Quanto pretende gastar na próxima safra? Quando decide? Quem influencia? Anote resposta por cluster.
  • Extraia 12 meses de vendas por SKU, produtor e canal. Não adianta só faturamento. Precisa granularidade.
  • Rode uma análise de pipeline dos últimos 18 meses. Identifique pontos de queda e sazonalidades claras.

Erros comuns que vejo sempre. E geralmente doem no caixa:

  • Achar que mais propaganda resolve queda de leads fora da safra. Não resolve.
  • Confundem intenção com compra. Um produtor que visita o site não é comprador.
  • Usam CRM só para armazenar contatos. Não usam gatilhos nem scoring.

Um ponto que merece atenção: canais variam em previsibilidade. Representantes oferecem relações. São bons para fechamento em negociações técnicas. Revendas exigem alinhamento de estoque e preço. E-commerce B2B pode gerar demanda contínua, mas depende de logística. Cada canal pede estratégia e métrica própria.

Na prática, isso significa medir separado. Não misture taxas de conversão do representante com as do e-commerce. Misturar é mascarar problema.

Dados mínimos que você precisa para um diagnóstico confiável:

  • Volume de leads por canal, mês a mês (12 meses mínimo).
  • Taxa de conversão por etapa, por segmento.
  • Tempo médio de ciclo por tipo de cliente.
  • Histórico de compras por produtor.
  • Nível de estoque da revenda por produto crítico.

Se algum desses itens falta, coloque na lista de gaps. Priorize o que mais impacta receita.

Uma dica prática e rápida: comece pelo top 20% dos SKUs que respondem por 80% da receita. Faça o mapa de sazonalidade só para eles primeiro. Rápido, barato e com retorno visível.

Também: não subestime o pós-venda. Em muitos casos, retenção e recompra reduzem a necessidade de buscar muitos leads fora da safra. O produtor que compra e repete é o melhor previsível. Pense nisso desde o diagnóstico.

Pequeno alerta sobre tecnologia. Ferramenta não é solução mágica. Ela amplifica processos. Se seu processo é ruim, a ferramenta vai amplificar o erro. Antes de implantar qualquer automação, responda: qual decisão essa automação vai influenciar? Se não houver resposta clara, não automatize ainda.

E por fim, um link útil para quem quer ver como marketing e vendas podem trabalhar juntos no campo. Tem conteúdo prático que ajuda a integrar as frentes e reduzir ruído comercial: Integrando marketing e vendas no agronegócio.

O objetivo deste diagnóstico é simples. Transformar incerteza em hipóteses testáveis. Transformar achismo em métricas. Você não vai tornar a venda 100% previsível. Mas vai diminuir a variabilidade comercial o bastante para planejar compra, estoque e investimento.

Sem mapa de sazonalidade você navega às cegas. Sem funil com métricas você interpreta ruído como mudança de tendência. Sem lista de gaps você compra ferramentas que não servem.

Agora pegue o papel. Liste as variáveis críticas da sua operação. Faça três entrevistas com produtores diferentes. Extraia 12 meses de dados. Monte o funil de entrada. Priorize os gaps.

Sem enrolação. Comece aí. Ou então continue gastando surpresa após surpresa.

Arquitetura da Máquina: Funil, Processos e Times

Arquitetura da Máquina: Funil, Processos e Times

Havia uma revenda no Centro-Oeste que parecia ter tudo. Estoque, representantes com carro novo, bons fornecedores. Mesmo assim, receita oscilava como chuva de abril. Eles tinham campanhas, anúncios e tecnologia. Mas faltava ordem. Falta de arquitetura. E era justamente isso que eu quero evitar que você repita.

A máquina de vendas não é só uma sequência de ações. É engenharia. É desenho de funil por segmento. É processos que todo mundo segue. É clareza de quem faz o quê. Sem isso, tecnologia vira caixa preta. Campanhas viram ruído. Previsibilidade some.

Comece pelo funil. Simples. Mas feito por segmento. Produtor familiar não compra igual fazenda média. Revenda regional não decide igual uma cooperativa. Corte o seu mercado em 3 a 5 segmentos. Para cada segmento, desenhe etapas claras: topo (descoberta), meio (avaliação), fundo (negociação) e retenção. Use nomes que o time entenda. Não precisa ser bonito. Precisa ser prático.

Por que segmentar o funil? Porque métricas importam por grupo. Taxa de conversão, ciclo, ticket médio. Se você mistura tudo, a média te engana. Uma média de 30% conversão pode esconder que produtores familiares convertem 10% e revendas 60%. Resultado: previsões erradas.

Depois do funil vem o processo. Padronize cadências de contato. Defina critérios de qualificação. Adapte BANT ao agro: Budget, Autoridade, Necessidade, Tempo. Mas acrescente: Sazonalidade (quando planta/compra), Estoque atual, e Histórico de compra. Chame isso de BANTS. Pode parecer improviso, mas é prático.

Crie modelos de proposta. Padronize follow-up. Quem envia a proposta? Em quanto tempo? Se não responder em 7 dias, qual o gatilho? Escreva esses passos num playbook. Não deixe no e-mail do vendedor. Playbook é sua memória institucional. E tem que ser pequeno. Coisas longas não são lidas. Rápido, direto e testável.

Papéis. Sem papéis definidos, responsabilidade evapora. Separe ao menos três funções claras: SDR para qualificar, Closer para fechar, Customer Success para retenção e upsell. Na operação agrícola, acrescente Suporte Técnico Agrícola ao pós-venda. Essa pessoa resolve dúvidas de aplicação, cronograma de uso e recomendação de insumos. Ela protege seu churn.

Defina SLAs. Não é frescura. É contrato interno. Exemplo: SDR deve contatar lead quente em até 24 horas. Leads inbound frios, 72 horas. Proposta submetida pelo closer, resposta em até 7 dias antes do follow-up automático. Ticket técnico pós-venda: primeira resposta em 4 horas durante expediente, visita técnica em até 5 dias úteis se necessário. Prazos curtos criam disciplina. Disciplina gera previsibilidade.

Agora, a parte prática. Passo a passo.

1) Mapeie 3 jornadas de compra reais. Exemplo: produtor familiar, fazenda média e revenda regional. Colete um case para cada. Entrevista com cliente. Entrevista com representante. Históricos de compra.

2) Para cada jornada, defina: métricas de entrada (leads por mês), taxas de conversão alvo, ciclo médio e receita média por cliente. Seja ambicioso mas realista. Se você não tem dados, comece com hipóteses e teste por 90 dias.

3) Automatize gatilhos no CRM. Quando um lead atinge X pontos de engajamento, aciona SDR. Quando proposta enviada e sem resposta por 7 dias, aciona follow-up automatizado. Se o lead demonstra intenção de compra (verbal ou comportamento), suba a prioridade e notifique o closer. Se o cliente está no pós-venda e não houve contato em 30 dias, aciona Customer Success.

Detalhe importante: pontuação de lead deve combinar sinais digitais e sinais do campo. Exemplo: abertura de proposta conta, mas visita técnica agendada deve pesar mais. Mensagens em grupo local, indicações de revenda, histórico de compra. Não confie só no clique.

Um playbook resumido. Topo: conteúdo técnico via listas de transmissão, posts segmentados em grupos locais e ações de leadcultura. Objetivo: gerar intenção, não só tráfego. Meio: webinars técnicos com consultores e demonstrações em campo marcadas por representantes. Fundo: proposta padronizada, com condições por volume e assinatura digital. Pós-venda: onboarding técnico com checklist e visitas programadas. Tudo padronizado.

Pequeno exemplo de fluxo para um produtor médio:

  • Lead entra via lista de transmissão após conteúdo sobre manejo.
  • SDR qualifica em 48 horas, aplica BANTS.
  • Se qualificado, agenda demonstração em campo com representante.
  • Após demonstração, closer envia proposta padronizada em 3 dias.
  • Se sem resposta em 7 dias, sistema envia lembrete e notifica closer.
  • No fechamento, Suporte Técnico Agrícola agenda visita de aplicação na safra.

Métricas que você precisa controlar. Não tem desculpa. Monitore:

  • Leads qualificados por mês (MQL).
  • Taxa MQL→SQL.
  • Valor médio de contrato por segmento.
  • CAC por segmento.
  • Ciclo médio de vendas.
  • Taxa de churn.

Adicione métricas operacionais: tempo médio de resposta do SDR, número de demos por mês, taxa de cumprimento de SLA técnico. Essas medidas mostram onde a máquina emperra.

Governança. Faça revisão de pipeline com regularidade. Sem reunião, sem controle. Tenha duas reuniões mínimas por semana: uma rápida de 15 minutos para alinhamento diário, e uma de 60 minutos para revisão de pipeline. Alinhe metas entre marketing e vendas. Se marketing promete leads qualificadas, vendas precisa reportar qualidade. Integre essas áreas. Se quiser um ponto de partida sobre isso, veja este guia sobre integração entre marketing e vendas.

Não caia no mito da automação como mágica. Automação é ferramenta. Ela amplifica processos corretos. Se o processo é ruim, você só automatiza erro. Exemplo comum: fluxo que qualifica por clicks apenas. Resultado: muitos leads falsos, pipeline inchado. Governança corrige isso. Revisão de dados. Playbook vivo. Treinamento constante.

Treinamento. Role-playing funciona. Faça simulações de ligação, resposta a objeções de preço, e cenários de crise (descarga logística, atraso de insumo). Treine representantes e CS juntos. O contato do pós-venda com o comercial precisa ser natural. Muitas empresas deixam a transferência de informação falha. Resultado: cliente atende duas vezes as mesmas perguntas. Pior: oportunidade de upsell perdida.

Testes e ciclos rápidos. Não espere 12 meses para ver resultados. Teste hipóteses por região ou por linha de produto. Micro-experimentos em campanhas regionais validam mensagens. Colete dados. Ajuste. Escale o que funciona. Isso é o motor da evolução do playbook.

Cuidado com dados sujos. Se o CRM tem contatos duplicados, endereços errados, ou leads sem segmento, você perde previsibilidade. Faça limpeza regular. Defina um proprietário de dados. Uma vez por mês, revisem duplicados e quem atualiza informações de compra.

Economia de tempo e prioridade. Em crise, priorize clientes que mantêm volume e margens aceitáveis. Tenha playbooks de crise prontos: descontos controlados por margem mínima, prazos de pagamento ajustados, e canais alternativos de entrega. Se você já tem papéis e SLA definidos, aplicar essas ações sai mais rápido. Você reage, em vez de improvisar.

Por fim, lembre: arquitetura é viva. Não é um manual fechado. É documento que muda com campo, preço de commodities e comportamento. Revise trimestralmente. Atualize métricas alvo com base em dados reais. Mude uma coisa por vez. Mensure. Repita.

A máquina bem arquitetada transforma variabilidade em risco gerenciável. Não apaga a chuva, nem o preço do grão. Mas faz sua operação resistir quando o inesperado bater à porta. E isso, no agro, vale tudo.

Tecnologia, Dados e Cultura para Sustentabilidade em Crises

Tecnologia, Dados e Cultura para Sustentabilidade em Crises

Quando a seca apertou numa região do cerrado, ouvi uma história que ficou. Um gerente comercial acordou cedo. Viu no painel que o pipeline tinha recuado. Recebeu um alerta sobre o preço da commodity em queda. Ainda assim, um cliente-chave ligou, preocupado com estoque. Era uma sexta-feira. Decisões precisavam ser rápidas. Sem dados limpos, teria sido palpite. Com dados, foi ação. E ação que salvou safra e margem.

A cena resume o ponto: tecnologia sem dados limpos entrega ruído. Cultura sem métricas vira fé. Junte os dois e você ganha previsibilidade, mesmo quando o mercado puxar a corda. No agronegócio isso é crítico. Campos mudam. Preço dança. Logística falha. Mas sistemas integrados e equipes com mentalidade analítica seguram a máquina.

Pense na cadeia: representantes em campo, revendas, distribuidores, cooperativas, estoque de insumos, ERP, plataformas de vendas digitais e registros operacionais do campo. Se esses pontos não conversam, você terá informação fragmentada. A consequência: forecast brutalmente impreciso. Perda de oportunidade. Ou pior, excesso de estoque e desconto desnecessário.

Priorize o que realmente faz diferença. Não adianta sair comprando ferramenta atrás de ferramenta. Foque.

  • CRM centralizado com integração ao ERP e canais de venda B2B/e‑commerce. O CRM é a fonte única de verdade sobre o cliente. Tudo passa por ali: contato, histórico, propostas, acordos verbais anotados. Se o ERP não fala com o CRM, você tem dois livros diferentes.
  • Ferramenta de forecast que combine histórico, pipeline e sinais de mercado. Não só pipeline. Use preço da commodity, clima e estoque dos distribuidores. Misture tudo e gere cenários.
  • Automação de marketing segmentada por perfil e fase do funil. Mensagem certa. No dia certo. Para o agricultor que compra semestralmente, nutrição sazonal. Para a revenda, promoções por volume.

O processo de implantação importa mais que a tecnologia. Aqui vai um caminho prático em seis passos. Simples no papel. Difícil na execução, claro. Mas necessário.

  1. Limpeza e unificação de dados. Comece por clientes, contatos e histórico de compras. Desduplique, corrija CPFs/CNPJs, padronize nomes. Sem isso, as análises gritam mentira.
  2. Modelagem de comportamento por segmento. Identifique frequência de compra, volumes típicos e sazonalidade por porte. Produtor familiar compra diferente da fazenda média.
  3. Configuração de dashboards e alertas. KPIs acionáveis. Não exiba 200 métricas. Mostre as que geram ação: MQL, taxa MQL→SQL, ciclo médio, margem por cliente.
  4. Treinamento prático para times. Role‑playing com cenários reais. Playbooks locais, simples e memorizáveis.
  5. Testes controlados. Escolha uma região ou linha de produto. Execute micro‑experimentos. Meça, aprenda, repita.
  6. Escala com revisão trimestral de hipóteses. O que funcionou? O que mudou no campo? Ajuste pesos dos sinais no forecast.

Existem detalhes operacionais que parecem pequenos, mas fazem o diabo quando somados. Por exemplo: cadência de sincronização entre CRM e ERP. Se a venda fechada só aparece no ERP 10 dias depois, seu forecast fica obsoleto. Ou: contatos antigos sem anotação de quando foram abordados, o que resulta em redundância de contato e irritação do cliente.

A cultura é o motor que usa essa infraestrutura. Sem cultura, dashboards viram papel de parede. Aqui algumas práticas concretas para criar essa cultura:

  • Institua rituais curtos e frequentes. Revisão de pipeline duas vezes por semana. 20 minutos. Pontos claros: prospect qualificado, risco de churn, oportunidades com desconto.
  • Crie playbooks regionais. O que funciona no sul pode não servir no norte. Localidade conta.
  • Incentive a experimentação controlada. Micro‑experimentos em campanhas regionais validam mensagens antes de escalar. Teste A/B, mensure conversão.
  • Promova uma leadcultura: trate leads como ativos cultiváveis. Nutrição contínua com conteúdo técnico e recomendações sazonais mantém a conversa viva.

A leadcultura é especialmente poderosa no agro. Produtores valorizam confiança e consistência. Enviar conteúdo técnico útil, com calendário de manejo e lembrete de época de compra, transforma um lead em cliente com mais previsibilidade. Para entender como ações em comunidades e grupos locais funcionam, veja um guia prático sobre leadcultura na pecuária: leadcultura na pecuária.

Tem também o chamado chasocial — ações em comunidades e grupos locais. Não subestime. Muitas vendas começam em conversa diária, em grupo de WhatsApp, em reunião de associação. Integre essas ações ao CRM. Quantifique taxa de conversão dessas fontes. Trate cada evento como microcampanha e meça resultado.

Sobre forecast resiliente: não é mágica. É metodologia. Combine três variáveis principais.

1) Pipeline atual. O funil mostra intenção e estágio. Mas é sujeito a over‑confiança.
2) Tendência de preço da commodity. Preço altera decisão de venda e compra. Quando o preço sobe, produtor pode segurar produto ou vender mais, dependendo da expectativa.
3) Condição média de estoque dos distribuidores. Estoque baixo pode indicar aceleração de compras.

Pese cada variável conforme sensibilidade histórica. Exemplo prático: pipeline 50% de peso, preço da commodity 30%, estoque dos distribuidores 20%. Gere três cenários: pessimista, provável e otimista. Documente as hipóteses por trás de cada peso. Revise a cada trimestre. Se houver choque climático, reavalie imediatamente.

Pequeno exercício: escolha um cliente com histórico claro. Calcule previsão de compra usando apenas pipeline. Depois calcule incluindo preço e estoque dos distribuidores. Compare desvios. Você verá rapidamente a diferença.

Automação tem que ser consequente. Não é apenas enviar e-mails. É acionar workflows relacionados a eventos reais. Exemplos:

  • Quando um lead atinge X pontos, dispara um contato do SDR.
  • Se a proposta fica sem resposta por sete dias, aciona follow‑up automático personalizado.
  • Se o índice climático registado ultrapassa Y, notifica CSM para oferecer recomendações técnicas.

E lembre: automação sem personalização irrita. Mensagens genéricas geram opt‑out. Mensagens técnicas e locais geram confiança.

Treinamento prático do time precisa de insistência. Role‑plays que simulam crise são ouro. Faça as pessoas sentirem o calor. Simule queda de preço e falta de estoque. Peça que ajustem descontos com base em margem real. Isso prepara para decisões reais. O objetivo: reação rápida com playbooks prontos.

Uma máquina sustentável prioriza clientes estratégicos em tempos de aperto. Nem todo cliente deve ser protegido igualmente. Identifique quem mantém volume e margem. Esses clientes recebem atenção extra: estoque reservado, planos de pagamento flexíveis, atendimento técnico prioritário.

A governança é simples e dura. Reuniões curtas. Donos de métricas. SLAs claros. Se um alerta dispara, quem responde? Em quanto tempo? Sem definição, o sistema morre.

Algumas armadilhas comuns:

  • Medir tudo e agir em nada. Escolha KPIs acionáveis.
  • Acreditar que tecnologia resolve falta de processo. Não resolve.
  • Ignorar qualidade de dados. Relatórios bonitos com dados sujos mentem.

Por fim, a revisão contínua é a alma. Em crise, vantagem competitiva vem de quem executa playbooks e ajusta rápido. Ajuste descontos com base em margem real. Priorize clientes que mantêm volume. Reinvente campanhas com micro‑experimentos nos pontos que importam.

A máquina de vendas previsível e escalável no agro precisa de três pilares: tecnologia que integra, dados limpos que informam e cultura que executa. Um pilar sozinho não segura. Dois pilares entregam alguma coisa. Três pilares juntos entregam resiliência.

Se algo ficar claro: não espere pela perfeição. Itere. Comece pela limpeza dos dados. Depois modela comportamentos e configure alertas. Treine o time. Teste em uma região. Escale. Revise.

E quando a próxima crise vier, você vai reagir rápido. Sem pânico. Com playbook. Com dados. Com gente treinada. Porque no agro, previsibilidade é sobrevivência, e sobreviver significa manter a máquina girando, safra após safra.

Quer fazer parte da maior comunidade de profissionais de agromarketing do Brasil? Junte-se ao Mentor Ben Martin Balik e comece a estruturar sua máquina de vendas hoje mesmo.

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Sobre

Mentoria personalizada com Ben Martin Balik: diagnóstico do funil, implementação de playbooks comerciais, integração CRM-ERP e treinamentos práticos para times de vendas e marketing. Pacote inclui 6 sessões práticas, templates de playbook adaptados ao seu segmento (agroindústria, revenda, maquinário, insumos, agritech), suporte para implantação de piloto e revisão de forecast trimestral.