Você já reparou que a decisão de comprar um iPhone quase nunca se resume a especificações técnicas? Para muitos, a escolha passa por sinais sociais, pertença a um grupo e pela construção de identidade. No agro isso também acontece: máquinas, equipamentos e até sistemas de gestão são símbolos de pertencimento dentro de comunidades rurais, cooperativas e redes de revenda. Este texto explora como identidade e pertencimento influenciam decisões no universo agro e oferece caminhos práticos para transformar esse insight em estratégia de agromarketing, comunicando valor emocional sem perder a eficiência comercial.
Por que compramos identidade e não só tecnologia
Era uma tarde de quinta quando entrei numa revenda pequena, no interior. O ar tinha pó e cheiro de diesel. Dois produtores conversavam encostados num balcão. Falavam da safra. E da máquina nova. Não só da capacidade do motor. Não só da vazão do bico. Havia algo no tom. Um brilho nos olhos. “É pra mostrar que estamos no caminho certo”, disse um deles. Simples. Direto. Identidade.
A tecnologia está lá. Sempre esteve. Mas funciona como pano de fundo. Como cenário. O que compra mesmo um produtor, muitas vezes, é uma história sobre quem ele é ou quer ser. Um smartphone não é só um aparelho. É sinal de profissionalismo. Um sensor de solo não é só precisão; também é prova de competência. E um sistema de telemetria passa a ser cartão de visita. Quem olha de fora entende: aquele produtor valoriza modernidade. Ou quer que os outros pensem assim.
Essa dinâmica é poderosa. E ignorada. Marketing setorial costuma cair na armadilha da especificação. Lista de features. Tabelas de desempenho. Planilhas bonitas. Importante? Sim. Essencial? Nem sempre. Porque a decisão de compra mistura dois vetores: utilidade e identidade. Um ativo técnico entrega valor funcional. Identidade entrega valor simbólico. E, em muitos casos, o simbólico multiplica a adoção.
Pense num cirurgião usando uma ferramenta X. Não é só pra operar melhor. É também pra ser reconhecido entre pares. No agro é igual. O vizinho recomenda. O consultor elogia. A associação rural enfatiza. O sinal se espalha. Recomendação local, boca a boca em grupos de WhatsApp, conversas no almoço. Identidade vira atalho social. E atalho social vira decisão.
Principais dores que vejo todo santo dia:
- Falta de conexão emocional entre produto e usuário final. Produtos falam para o cérebro, não para o ego. Frio. Técnico. Sem alma.
- Comunicação técnica que não traduz valor social. Mensagem cheia de números, sem dizer o que aquilo significa para o produtor na rede social local.
- Dificuldade em segmentar por tribos de compra. Tem o inovador. O conservador. O buscador de status. Eles não respondem às mesmas narrativas.
Essas dores não são abstratas. Se traduzem em rejeição. Em ciclo de vendas alongado. Em pouca recomendação. Em tráfego que não converte.
Exemplos práticos no campo ajudam a entender. Dois casos rápidos:
1) Uma revenda posicionou um modelo de pulverizador como ‘o padrão das grandes propriedades’. Resultado: produtores que aspiram aumentar escala passaram a pedir aquele modelo. Não porque era o mais barato. Nem o que tinha menor custo de manutenção. Mas porque, ao comprar, eles estavam sinalizando ambição.
2) Uma agritech colocou seu aplicativo como ferramenta de elite. Testemunhos de consultores conhecidos. Integração com grandes players do setor. No fim, o app virou troféu. Produtores que queriam reconhecimento técnico começaram a adotar e a mostrar o uso para colegas.
Não é mágica. É narrativa. E prova social. Pequenas intervenções no discurso mudam percepções.
Veja esta tabela curta. Ajuda a visualizar a tensão entre função e símbolo.
| Produto | Valor funcional | Valor simbólico | Público-alvo primário |
|—|—:|—|—|
| Sensor de solo | Precisão técnica | Modernidade/competência | Produtores comerciais |
| Trator topo de linha | Potência e economia | Prestígio local | Proprietários de fazendas-modelo |
A tabela é só um mapa. Não é destino final. Serve pra lembrar que todo produto tem dupla face. E que agromarketing precisa trabalhar as duas.
Identidade funciona como multiplicador de adoção. Quando um equipamento ou serviço transmite sinais sociais claros, ele deixa de ser apenas um item de uso. Vira referência. Adoção se espalha mais rápido. Por quê? Porque as comunidades do campo valorizam prova. Prova tangível. Se um vizinho usa e recomenda, a barreira à experimentação cai. Se um consultor famoso endossa, o risco percebido diminui. Se a loja local promove o equipamento como símbolo de modernização, o produtor passa a enxergar o produto como investimento em reputação.
Para quem atua em marketing no setor, isso muda tudo. Não basta mapear especificações. É preciso entender aspirações. Perguntas práticas, que você deveria fazer: Que imagem esse produto transmite? Quem emite esse sinal? Onde o sinal é visto: feira, grupo de WhatsApp, almoço com o técnico? Quais símbolos já existem na cabeça do público?
A resposta precisa sair dos relatórios e ir para o campo. Entrevistas curtas. Observação em ponto de venda. Escuta atenta em grupos locais. O torcedor da cidade grande entende a camisa e a faixa. No campo, o equivalente são selos, selagens, o modelo de equipamento e quem o usa.
Algumas táticas simples, sem virar um manual completo:
- Troque parte da comunicação técnica por histórias. Mostre o produtor que ganhou respeito na comunidade. Curto. Humano. Concreto.
- Use provas sociais visíveis. Testemunhos funcionam. Melhor: testemunhos locais. Gente parecida com o público-alvo.
- Trabalhe o ponto de venda como palco. A loja tem que representar a narrativa. Não adianta falar de pertencimento em anúncio, e no balcão o vendedor ser indiferente.
Essas táticas não invalidam números. Não substituem especificações. Ao contrário: potencializam. Um dado técnico, mostrado dentro de uma narrativa de identidade, vira argumento mais forte. As pessoas leem números e perguntam: ‘o que isso diz sobre mim?’ Se a resposta for vaga, a venda oscila.
Uma observação importante. Identidade não é manipulação. É correspondência. Produto e narrativa precisam bater com a experiência. Se você vender pertencimento e o produto não entregar resultados, o efeito se inverte: o consumidor se sente enganado. E a reputação cai. O que vale, então, é combinação: produto que funcione + narrativa que conecte + provas locais.
Outro ponto: segmentação por tribos. Tribos não são só demografia. São conjuntos de símbolos compartilhados. Um grupo valoriza eficiência imediata. Outro valoriza tradição. Outro busca reconhecimento técnico. Cada tribo tem gatilhos distintos. Mensagem única não funciona. Campanha técnica volta vazia. Campanha social também se perde se o produto não tem eficácia.
Teste rápido. Faça um A/B: uma mensagem técnica contra uma de pertencimento. Compare conversão e compartilhamento. O que pesa mais? Depende do público. Mas você vai aprender. E aprender rápido.
Pense nas redes locais: grupos de troca, WhatsApp, associações. Ali circula muito mais do que informações técnicas. Circulam provas, recomendações e insignias sociais. Identidade se propaga nesses canais. Se sua marca não aparece com o sinal certo, perde espaço para marcas que parecem ‘pertencer’ mais.
E há um efeito cumulativo. Primeiro comprador. Segundo comprador. Em dez vizinhos, se três adotam e recomendam, o resto olha diferente. Identidade virou norma local. Isso muda mercado. Não de uma hora para outra. Mas muda. Por isso investir em identidade é investimento estratégico. E tático.
Antes de avançar para como transformar isso em vantagem competitiva — que eu explico no próximo capítulo — vale lembrar duas coisas práticas:
1) Mapear sinais relevantes exige trabalho de campo. Não adianta palpite remoto. Saia. Ouça. Observe.
2) Coerência importa. Toda peça de comunicação, do anúncio ao atendimento, precisa transmitir o mesmo sinal.
Quer ver mais sobre o uso de influenciadores e como provas sociais podem ser ativadas no agro? Leia sobre marketing de influência no agronegócio: marketing de influência no agronegócio. É prático. Vem com exemplos.
No fim das contas, quem compra uma tecnologia no agro está fazendo uma declaração. À família. Ao vizinho. Ao consultor. Ao mercado. Identidade não anula funcionalidade. Mas explica por que tantas escolhas parecem irracionais do ponto de vista técnico. Faz sentido? Sim. E se a sua estratégia de marketing não considerar isso, você está deixando orçamento em cima da mesa. E clientes indo pra concorrente que fala a língua da comunidade.
Pouca ciência. Mais escuta. Histórias bem contadas. Provas locais. E coerência. Isso é o que faz um produto deixar de ser peça e virar símbolo. E símbolo vende. Sempre vende. Mesmo quando o discurso técnico é impecável. Porque a decisão final costuma ser social. E o social, no campo, tem braços longos.
Como transformar identidade em vantagem competitiva no agromarketing
Havia uma revenda numa cidade do interior que parecia igual às outras. Mesma linha de produtos. Mesmo atendimento. Mas algo diferente acontecia: os clientes iam até lá e queriam ser vistos entrando. Queriam ouvir um elogio ao equipamento. Queriam o selo na embalagem. Não era mais sobre potência ou economia só. Era sobre quem eles se tornavam ao comprar.\n\nEssa cena resume o que precisamos transformar em rotina. Identidade não é luxo. É diferencial tangível. É a diferença entre uma venda única e um cliente que volta, indica e vira referência. Aqui não falamos de mágica. Falamos de passos práticos, mensuráveis e repetíveis. Vamos ao roteiro. Simples, direto.\n\n1) Mapear tribos e sinais\nComece com mapas reais, não achismos. Quem são as tribos locais? Os conservadores, os que buscam tecnologia, os aspiracionais, os consultores independentes, os jovens de sucessão familiar. Para cada tribo, liste sinais que importam. Pode ser um logotipo associado, uma cor no caminhão, um tipo de testemunho, parceria com cooperativa, ou até o nome do técnico que recomenda um produto.\n\nFerramentas práticas: entrevistas de campo com 8–12 produtores por região. Observação no ponto de venda. Entrada em grupos locais no WhatsApp. Uma pesquisa NPS segmentada por tribo. Não adianta um NPS geral. Isso mascara.\n\nOs sinais importam mais que o benefício técnico. Por quê? Porque sinais ativam pertencimento. E pertencimento ativa recomendação. Não é teoria. É comportamento social.\n\n2) Construir narrativas de pertencimento\nNarrativas não são slogans bonitos. São histórias que colocam o cliente dentro de uma comunidade profissional. Crie nomes para essas redes: por exemplo “Rede de Produtores Referência” ou “Clube de Testes de Campo”. Dê um propósito claro: troca de técnicas, reconhecimento técnico, acesso antecipado a testes.\n\nConte histórias reais. Mostre o produtor que transformou sua safra. Mostre o consultor que ganha visibilidade. Faça o cliente se imaginar ali, no futuro próximo. Use linguagem local. Use exemplos regionais. Pequenos detalhes fazem a narrativa crível.\n\n3) Ativar provas sociais relevantes\nProva social funciona quando é reconhecível pelo público local. Um número nacional não convence tanto quanto um caso da própria cidade. Produce vídeos curtos. Vídeos com cenários reais, som ambiente, falas diretas. Não precisa de produção cinematográfica. Precisa de autenticidade.\n\nPeça aos produtores influentes que falem sobre resultados e sobre como foi a experiência de pertencer. Use esses depoimentos em redes locais e pontos de contato. Integrar consultores que já recomendam seu serviço amplia a confiança.\n\n4) Design de ponto de venda e experiência\nA loja, o site e o app devem falar a mesma língua. Se o sinal de pertencimento é um selo, ele precisa aparecer no balcão, no comprovante de venda, no e-mail de pós-venda. O atendimento precisa reconhecer o cliente por seu status: “Obrigado, membro da Rede X”. Políticas de garantia e troca devem reforçar, não contradizer, a promessa social.\n\nUma experiência desconexa desmonta todo o trabalho de narrativas e provas sociais. Pequeno detalhe, grande impacto.\n\nEstruture isso em passos operacionais. Mentalize um ciclo: mapear, comunicar, provar, entregar. Reinicie o ciclo com dados, aprenda e ajuste.\n\nEstratégias táticas com exemplos reais\n- Revenda: evento “Dia do Produtor Referência”. Convide produtores que já usam o equipamento. Demonstração prática no campo. Entrega de selo de reconhecimento local. Fotos, vídeos, e um mural com placas. Faça uma cerimônia curta. Duração máxima: 3 horas. Objetivo: conversão e geração de referências.\n- Indústria de insumos: selo de confiança para clientes que participam de testes de campo. Publique um fórum técnico exclusivo online. Ofereça material técnico e certificado de participação. Associar selo a um benefício claro: acesso a atendimento técnico prioritário, por exemplo.\n- Agritech: programa “Consultor Parceiro”. Dê visibilidade a consultores que usam sua plataforma. Destaque cases no site e nas redes. Inclua badge no perfil do consultor. Eventos com consultores parceiros recrutam novos usuários e reforçam a rede.\n\nCada tática tem objetivos claros. Não é só branding. É geração de leads, conversão e fidelidade.\n\nMedição e priorização\nSem métricas, é opinião. Comece com KPIs simples que conectem identidade a receita.\n- Taxa de recomendação: quantas referências cada cliente gera.\n- Tempo médio até recompra: diminui se o cliente pertence.\n- Engajamento em grupos da comunidade: número de posts, compartilhamentos, respostas.\n\nTeste rápido: rode duas mensagens A/B. Uma focada em benefício técnico. Outra focada em pertencimento. Meça taxa de conversão e compartilhamento. Às vezes a mensagem de pertencimento converte melhor em redes locais. Às vezes não. O teste te diz.\n\nPriorize ações que exibem retorno rápido em referências. Se uma tática gera recomendação, escale. Se gera apenas tráfego, revise. Tráfego sem influência social é superficial e caro.\n\nChecklist operacional\n- [ ] Mapeamento de tribos concluído\n- [ ] 3 narrativas de pertencimento definidas\n- [ ] Plano de provas sociais com datas\n- [ ] Métricas e dashboard configurados\n\nUse esse checklist como roteiro de reunião semanal. Cada item deve ter dono e prazo. Se não tem dono, não sai do papel.\n\nDicas de execução rápida\n1. Comece com um piloto em uma região. Pequena amostra, alto controle.\n2. Faça entrevistas pós-evento com 10–15 produtores. Anote frases literais. Elas viram headline.\n3. Integre campo e CRM: crie um campo “origem social” no CRM para rastrear referências.\n4. Não troque argumentos técnicos por identidade. Combine ambos. Produtividade + pertencimento. Esse combo é imbatível.\n\nUm exemplo de fluxo de trabalho: piloto em cooperativa local. Mapear tribos. Selecionar 5 produtores para teste. Rodar um evento com selo. Publicar dois vídeos curtos. Rastrear referências nos 30 dias seguintes. Medir recompras em 90 dias. Repetir com ajustes. Processo simples, velocidade importa.\n\nCombinação de dados quantitativos e qualitativos\nMuitos times caem na armadilha de priorizar tráfego e números. É um erro. Dados quantitativos mostram o que aconteceu. Qualitativos explicam o porquê. Combine os dois. CRM com campo “indicação por”. Entrevistas com produtores que indicaram. Observação em grupo de WhatsApp. Assim você não cria campanhas superficiais que não geram fidelidade real.\n\nSe o objetivo é escala, automatize o rastreamento de referências. Se o objetivo é profundidade, mantenha contato humano com os lideres de opinião regionais. Ambos são necessários.\n\nTestes e aprendizado contínuo\nA primeira versão de uma narrativa vai ter falhas. Perfeito. Teste A/B nas mensagens. Meça conversão e taxa de compartilhamento. Faça ajustes rápidos. Não espere o “produto perfeito” para lançar. Lançar rápido, aprender e melhorar é vantagem.\n\nDocumente tudo. Quem foi convidado, quem participou, quem recomendou, quem comprou. Em 6 meses você terá um ativo de inteligência social precioso.\n\nUm lembrete prático\nIdentidade gera custo inicial: eventos, criação de selo, produção de vídeos. Mas retorno vem em recomendação orgânica. Um produtor que indica três colegas por safra reduz custo por aquisição drasticamente. Pense nisso.\n\nPara quem precisa de base para produzir conteúdo que reforce pertencimento, recomendo começar por guias práticos sobre canais e formatos. Consulte um material prático sobre estratégias digitais focadas no agro para alinhar canais, mensagens e provas sociais: estratégias de marketing digital para o agronegócio.\n\nTransformar identidade em vantagem competitiva não é sobre mudar o produto. É sobre mudar significado. É sobre transformar compradores em membros. Isso exige passos claros, mensuráveis e repetíveis. Faça o mapeamento. Conte as histórias certas. Ative provas sociais locais. Garanta uma experiência consistente em todos os pontos de contato. E por favor, não subestime pequenos sinais. Eles fazem a diferença.\n\nPronto. Agora vá mapear sua primeira tribo. Faça isso antes da próxima safra. Pouco trabalho com foco. Muito resultado se bem executado. E sim, tem erro no caminho. Ajuste e siga.
Medição, canais e campanhas que convertem pertencimento em vendas
Você já viu um produtor segurar um selo da comunidade e sorrir como quem mostra herança. É identificação pura. A cena resume o que discutimos antes: identidade vira vantagem. Mas identidade só vira receita se for traduzida em canais, táticas e métricas. Aqui entram testes, eventos, grupos e rastreio. E, claro, a velha prova social — só que bem operada.
Começo com uma regra direta. Não troque argumento técnico por identidade. Integre-os. Simples assim. Ou melhor: simples na ideia, complexo na execução. Porque a confiança no campo nasce de sinais repetidos. Repetição em canais certos. Repetição com mensuração.
Canais de alta relevância. Listei os mais eficazes. Eles convertem pertencimento em ação real.
- WhatsApp/Telegram: grupos regionais. Alta confiança. Conversa rápida. Promoção boca a boca. Resposta imediata. Bom para ofertas locais. Para campanhas, prefira mensagens curtas e conteúdo audiovisual pequeno. Vídeo de 30s funciona. Texto longo não.
- Facebook: comunidades rurais. Alcance local. Ótimo para provas sociais com comentários. Use posts que convidem ao compartilhamento. Evite jargões técnicos. Mostre gente parecida.
- Eventos presenciais: feiras e dias de campo. Experiência sensorial. Demonstração ao vivo. Pessoas lembram mais o que tocaram. Oferta no evento tem conversão alta. Mas exige logística e follow-up rígido.
- Parcerias com cooperativas: canais de referência prontos. Credibilidade herdada. Quando a cooperativa recomenda, a resistência cai. Combine oferta exclusiva com selo institucional.
- Influenciadores técnicos locais: não confundam com celebridade. Procure alguém com respeito técnico na região. Um técnico conhecido, que entrega resultados, abre portas.
Formatos que funcionam. Não é sobre ser criativo só por ser. É sobre credibilidade regional.
- Depoimentos em vídeo com métricas locais. Não peça só que falem bem. Peça que mostrem o resultado por hectare, por safra, com números. Curto e direto.
- Estudos de caso regionais. Relação custo-benefício mostrada com dados reais. Inclua mapa da fazenda, clima, variedade usada. Contexto vende.
- Selos de comunidade. Um selo simples na nota fiscal, na embalagem, no selo do distribuidor. Pequeno, mas poderoso.
- Programas de embaixadores. Produtores que falam com outros produtores. Paga-se em vantagens, visibilidade, não só dinheiro.
Medição. Sem métrica você tem só sentimento. Bom sentimento, mas só isso.
KPIs práticos para acompanhar. Liste-os e use-os no dashboard.
- Referências geradas por cliente (mensal). Simples: quantas indicações um cliente gera por mês. Rastreie no CRM. Campo obrigatório.
- Taxa de conclusão de demonstração técnica. Conta as demos iniciadas e as finalizadas. Demos completas tendem a gerar pedidos.
- Conversão de participantes de evento em leads qualificados. Medida 30 dias após o evento. Pessoas que viram o produto e pediram proposta.
- Engajamento em grupos de comunidade. Mensagens, respostas, compartilhamentos. Métrica de saúde da comunidade.
Detalhe importante: não use só volumes. Use taxas e coortes. Compare taxa de conversão de quem recebeu selo com os demais. Compare NPS entre membros da comunidade e os não-membros. Isso revela efeito de pertencimento.
Exemplo prático, passo a passo. Não é teoria. É campanha para vender conjunto de plantio entre pequenos produtores.
1) Objetivo: aumentar vendas de conjunto de plantio entre pequenos produtores.
2) Público: produtores que participam de cooperativas locais. Mapear três cooperativas-chave. Escolha cooperativas com histórico de teste em campo.
3) Ação: evento “Retorno por Safra” com líder local e cliente case. Faça a demonstração em uma fazenda real. Leve amostras, mostre resultados, compare safras lado a lado. Distribua selo de reconhecimento e oferta exclusiva para participantes.
4) Métrica: número de pedidos gerados no mês seguinte e % de participantes que recomendam o produto.
Táticas operacionais do exemplo. Coisas que muita gente esquece.
- Convite personalizado. Envie pelo grupo de WhatsApp da cooperativa. Mensagem curta, com hora, local e benefício direto.
- Pré-evento: vídeo do cliente case com 40 segundos. Mostre o antes e depois. Inclua número por hectare. Publique no grupo e no Facebook local.
- No evento: tag de participante. Digitalize o cadastro no local. Pergunte se veio por indicação de alguém. Assim já alimenta o campo “origem social” no CRM.
- Pós-evento: disparo de mensagem exclusiva com oferta. Validade curta. Follow-up por representante local.
Resultados esperados. Se tudo for bem, você verá aumento na taxa de pedidos e mais referências espontâneas. Se não acontecer, reduza o custo do ingresso no evento e aumente a visibilidade do case.
Pequena tabela de comparação de canais. Use como guia rápido.
| Canal | Força | Métrica principal | Ideal para |
|—|—:|—|—|
| WhatsApp | Alta confiança | Taxa de resposta | Promoções regionais |
| Feiras/Dias de campo | Experiência | Leads qualificados | Demonstrações |
| Facebook grupos | Alcance local | Engajamento | Provas sociais |
Mensuração prática no CRM. Aqui vai uma recomendação técnica que corta tempo.
- Crie o campo “origem social” no CRM. Valor padrão: “indefinido”. Preencha durante eventos e cadastros em grupo.
- Automatize rastreamento de referências. Cada cliente que indicar outro, gera um código simples. Use esse código no pedido do indicado.
- Pipeline com estágio “avaliar prova social”. Inclua nota se o lead veio por recomendação, selo, ou evento.
Testes incrementais. Não jogue tudo ao mesmo tempo. Um teste por vez.
- Teste A/B de mensagem: técnica vs pertencimento. Envie para duas micro-amostras da mesma cooperativa. Compare conversão e compartilhamento.
- Teste de formato: vídeo curto vs depoimento escrito. Use mesma distribuição e compare taxa de compartilhamento.
- Teste de oferta: desconto imediato vs benefício comunitário (selo + visibilidade). Observe taxa de recompra.
Detalhes de mensuração que fazem diferença.
- Janela de atribuição: defina 30 dias após evento como padrão. Mais que isso dilui a relação.
- Coortes por região: compare regiões com e sem ações da cooperativa. Isso mostra efeito local do pertencimento.
- Métrica de qualidade: leads qualificados por esforço. Não apenas número de leads.
Prova social amplificada. Pense em pequenos sinais repetidos.
- Selo no comprovante. Sinal discreto, visível nas lojas e nas notas.
- Placas nas revendas com fotos dos embaixadores. Com foto, é mais real.
- Mini-relatórios por safra enviados por WhatsApp. Dados locais curtos: rendimento, custo, observações técnicas.
Operacional: fluxo mínimo recomendado.
- Mapear tribos e sinais (feito no capítulo anterior). 2. Selecionar canal prioritário por região. 3. Criar conteúdo regional curto. 4. Rodar piloto em uma cooperativa. 5. Medir KPIs e ajustar. 6. Escalar o que funciona.
Erros comuns e como evitar.
- Trocar técnica por narrativa. Solução: apresente ambos sempre. Primeiro dado, depois rosto.
- Medir só vaidade. Volumes sem conversão. Solução: foque em taxa de conversão e referências por cliente.
- Não automatizar. Rastreio manual é falho. Solução: campo “origem social” no CRM, códigos de referência.
Um detalhe prático: use integração entre marketing e vendas. Isso reduz perda de informação. Se quiser um guia para alinhar times e processos, veja este material sobre integração entre marketing e vendas no agro: integração entre marketing e vendas no agro. Ele ajuda a operacionalizar os campos, as automações e os relatórios.
Por fim, lembre-se: pertencimento é sinal, não milagre. Selo gera atenção. Mas pedido vem quando técnica e prova social se encontram. Combine esforços. Meça com disciplina. Ajuste rápido. Repita o que funciona, descarte o que não entrega. E mantenha a comunidade no fluxo, viva e participativa. Sem isso, fica só bonito no papel, e a venda não acontece.
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