Você já percebeu que campanhas, feiras e ações digitais muitas vezes não viram resultados mensuráveis na colheita de leads e vendas? Para quem atua em Agro Indústrias, Revendas, Lojas de Maquinários, Indústrias de Insumos ou Agritechs, a lacuna entre esforço de marketing e impacto comercial é quase sempre causada por falta de planejamento estratégico estruturado. Aqui você encontrará um roteiro prático em 7 etapas para construir um Planejamento Estratégico alinhado à cadeia de valor do campo, com exemplos aplicáveis, métricas e como usar o BSC para medir o desempenho. Ao seguir essas etapas, seu time ganha clareza de prioridades, processos repetíveis e indicadores que conectam ações de agromarketing ao resultado do negócio. No final há modelos e dicas para acelerar a execução sem perder aderência ao contexto regional do produtor e aos canais de venda do setor.
Diagnóstico e alinhamento com o negócio agro
Diagnóstico e alinhamento com o negócio agro
Há um dia, numa revenda do interior, o gerente me mostrou uma planilha antiga. “Isso aqui é tudo que temos”, disse ele. Planilha com nomes, cidades e muitos espaços vazios. Vendeu. Não por marketing digital. Vendeu por confiança técnica e indicação. Mas ninguém sabia disso, oficialmente. Era intuição. Sinal vermelho. Sem diagnóstico, estratégia vira suposição.
Comece simples. Faça perguntas diretas. Onde vendemos hoje? Quem nos recomenda? Quem entende de tecnologia na nossa base? O objetivo desta etapa é claro: entender a realidade do campo e alinhar objetivos factíveis. Sem isso, qualquer meta vira boa intenção.
O diagnóstico tem três frentes. Mercado, cliente e capacidades internas. Cada frente gera evidências. Evidência é diferente de opinião. Entrevistas, números do CRM, visitas em campo. Tudo isso compõe um retrato prático.
Passos acionáveis
- Mapeie o cenário competitivo e de mercado.
- Liste concorrentes diretos e indiretos. Não omita os pequenos com forte presença local.
- Identifique canais de venda: revenda, cooperativa, e-commerce, venda direta via representantes.
- Documente diferenciais técnicos do seu portfólio: assistência técnica, tempo de entrega, garantia, suporte de campo.
Exemplo prático: para uma indústria de insumos, liste quais revendas cobrem as regiões-chave. Marque quais oferecem assistência técnica e quais fazem demonstração em lavoura. Anote custos de logística por região.
- Entenda o cliente final e a leadcultura.
- Segmente por tamanho: produtor familiar, médios, grandes.
- Segmente por perfil tecnológico: early adopters versus conservadores.
- Colete evidências: faça entrevistas com 6-8 clientes por segmento. Cruze com dados do CRM e histórico de vendas.
Perguntas úteis nas entrevistas: qual última compra? Como você decide o fornecedor? Quem influencia a sua decisão? Que conteúdo técnico você consome? Respostas curtas. Ponto.
- Avalie capacidades internas.
- Pessoas: équipe comercial, assistência técnica, marketing.
- Plataformas: CRM, automação, BI.
- Parcerias: cooperativas, universidades, consultorias locais.
Checklist mínimo:
- Existe uma base única de clientes?
- Há fluxo de nutrição de leads?
- Medimos CAC e LTV?
- Quem faz análise de dados mensalmente?
Se resposta a qualquer uma for não, anote como prioridade.
Ferramentas práticas
Use uma SWOT adaptada ao agro. Não copie e cole. Adapte ao contexto local. Exemplos reais ajudam. Seguem sugestões:
- Strengths: portfólio técnico robusto; assistência técnica local; histórico de relacionamento com revendas.
- Weaknesses: baixa presença digital regional; dependência de poucos canais de venda; dados dispersos em planilhas.
- Opportunities: programas de renovação de maquinário; safra com alta demanda; subsídios governamentais ou linhas de crédito.
- Threats: flutuação do câmbio que impacta insumos importados; entrada de player nacional com preço agressivo.
Aproveite ferramentas de pesquisa de mercado para validar hipóteses. O uso de relatórios e ferramentas práticas acelera o diagnóstico. Veja exemplos de ferramentas e métodos em ferramentas de pesquisa de mercado.
Como levantar os dados sem drama
- Combine fontes.
- Não confie apenas em uma entrevista.
- Crie uma planilha padrão para coletar respostas.
- Registre data, entrevistador, segmento e canal.
Métrica. Simples. Quantifique sempre que possível. Quantos leads por mês? Quantas visitas técnicas por região? Percentual de vendas por indicação técnica? Essas métricas orientam prioridades.
Exemplo aplicado
Uma revenda agrícola descobriu que 60% das vendas de defensivos vinham de indicações técnicas. Ao mapear o processo, percebeu a ausência de conteúdos técnicos digitais para produtores jovens. Resultado: muitos agricultores mais novos não tinham referência. A solução foi simples e direta. Criaram trilhas técnicas com vídeos em campo. Mensuraram engajamento por região. Priorizaram visitas técnicas onde o engajamento era maior. Em seis meses, reduziram ciclo de venda para esse público. Não foi mágica. Foi diagnóstico + ação.
Esse exemplo é importante. Mostra que dados pequenos podem gerar impacto grande. Pequenas evidências. Mudança rápida.
Matriz de prioridades (mercado x capacidade)
Construa uma matriz com duas dimensões: demanda do mercado e capacidade interna de execução. Pontue cada mercado/região.
- Alta demanda / Alta capacidade: prioridade 1.
- Alta demanda / Baixa capacidade: investir rapidez ou parceria.
- Baixa demanda / Alta capacidade: mantenha, mas não gaste orçamento.
- Baixa demanda / Baixa capacidade: evitar.
Use essa matriz para decidir onde rodar campanhas, onde treinar equipes e onde negociar parcerias. Simples. Sem glamour. E eficaz.
Checklist operacional para o diagnóstico
- Relatório do cenário competitivo com 1 página por concorrente.
- Mapa de canais por região.
- 6-8 entrevistas por segmento com resumo de insights.
- Inventário de plataformas e integrações.
- Medição inicial de CAC e LTV, mesmo estimada.
- Matriz de prioridades pronta.
Entregáveis dessa etapa
- Documento de diagnóstico (2 páginas). Foco. Nada de 50 páginas que ninguém lê.
- Matriz de prioridades (mercado x capacidade).
- Lista de stakeholders internos e externos.
O documento de diagnóstico deve ser enxuto. Duas páginas que digam: onde estamos, por que isso importa, e o que sugerimos fazer primeiro. Ponto.
Como traduzir diagnóstico em decisões práticas
- Priorize regiões com ROI estimado maior.
- Direcione orçamento inicial para ativos que comprovadamente geram conversão: visitas técnicas, demonstrações em campo, conteúdos técnicos regionais.
- Estabeleça pilotos com prazo e metas claras.
Sem piloto, tudo vira um grande projeto eterno. Piloto é tático. Curto prazo. Aprende rápido.
Medindo o impacto do diagnóstico
Defina KPIs logo na entrega do diagnóstico.
- KPI de curto prazo: número de leads qualificados gerados por piloto em 3 meses.
- KPI de médio prazo: variação percentual na taxa de conversão por região.
- KPI financeiro: receita incremental por região em 12 meses.
Associe sempre um indicador financeiro. Isso facilita aprovação com diretoria.
Riscos e cuidados
- Não confunda opinião com evidência.
- Não sobrecarregue times com entregas complexas no começo.
- Evite metas nacionais genéricas antes de testar regionalmente.
Alinhar expectativas é essencial. Sem alinhamento, campanhas nacionais genéricas consomem orçamento. E deixam mercado com maior ROI descoberto.
Comunicação interna
Mapear stakeholders é mais do que listar nomes. É entender influência. Quem decide volume de estoque? Quem aprova visitas técnicas? Quem define preço para a região?
Crie um quadro simples: nome, papel, poder de decisão, frequência de contato. Assim você evita reuniões longas e improdutivas. E foca em quem pode realmente habilitar ação.
Dicas práticas e rápidas
- Faça entrevistas curtas. 15-20 minutos. Perguntas objetivas.
- Use gravação (com consentimento) para não perder detalhes.
- Consolide dados em uma planilha única. Uma única fonte de verdade.
- Marque uma apresentação de 30 minutos com lideranças. Traga o diagnóstico e duas recomendações claras.
Pequenos erros que custam caro
- Acreditar que presença digital sozinha resolve problemas de distribuição.
- Jogar conteúdo genérico para toda a base.
- Ignorar o papel das revendas e assistências técnicas locais.
Esses são repetidos. Evitáveis.
Conexão com próximos passos
O diagnóstico alimenta a definição de propósito e objetivos. Ele é o insumo principal para transformar insights em metas. No próximo capítulo vamos pegar essas evidências e transformá-las em propósito, objetivos SMART e personas. Ou seja, o que você aprendeu aqui deve virar vetor estratégico.
Por fim, lembre-se: diagnóstico não é relatório para gaveta. É mapa de ação. Se não gerar decisões, repense o método de coleta. Menos volume, mais foco. Faça agora. Colha provas. Decida o próximo passo.
Entregue isso em dois passos finais
- Entregar o documento de 2 páginas até o final da sprint.
- Agendar reunião de alinhamento com stakeholders chave, com agenda curta. Objetivo: decidir 3 prioridades para os próximos 90 dias.
Pronto. Agora vá ao campo. Ou mande alguém que entenda do campo. Não espere o cenário perfeito. Comece com o que tem. Ajuste sempre.
Definição de propósito, objetivos e público alvo
Eu lembro da primeira vez que a equipe voltou do campo com um insight simples: “os produtores jovens querem provas, não discurso”. Isso mudou tudo. O diagnóstico já estava feito. Agora é hora de transformar aquilo em direção clara. Direção que guia as ações de marketing e comercial. Sem rodeios.
Comece pela pergunta que importa: por que existimos para este cliente? Uma frase curta. Direta. Que seja fácil de lembrar pelos vendedores e pelos técnicos. Que resuma o motivo real da sua presença no campo. Exemplos rápidos funcionam melhor que decretos extensos. Ajudar revendas a aumentar taxa de recomendação técnica e reduzir ciclo de venda de insumos. Pronto. Uma linha que orienta tudo. Se a frase não gera uma ação, refaça.
Como definir um propósito que vira ação
- Escreva a frase de propósito em voz ativa. Curta. Simples.
- Teste com três pessoas na operação. Se não concordarem, ajuste.
- Pergunte: essa frase muda nossa prioridade na próxima reunião de planejamento?
Uma boa declaração de propósito abre mão de vagos ideais. Ela aponta para quem você serve e o que entrega. E mais: deve responder com clareza ao cliente. Por que você existe para ele? Se a resposta não muda decisões, não é propósito, é slogan.
Estabeleça objetivos SMART alinhados ao negócio
Objetivos vagos custam caro. No agro, cada safra é um checkpoint. Defina metas com prazo e responsáveis claros. Use o formato SMART: Específico, Mensurável, Alcançável, Relevante e Temporal.
Exemplos práticos e aplicáveis para o agro:
- Aumentar a participação nas vendas B2B em 10 pontos percentuais na região Sul até a próxima safra.
- Reduzir o ciclo de fechamento de contratos de máquinas de 60 para 40 dias em 12 meses.
- Gerar 1.200 leads qualificados para demonstrações técnicas na região Centro-Oeste ao longo de 12 meses.
Cada objetivo deve ter dono. E cada dono deve ter orçamento estimado. Sem dono, a meta vira desejo.
Segmentação e personas: três perfis para priorizar agora
No agro, segmentar é questão de sobrevivência. Não adianta falar para “produtor”. Tem que saber quem, em qual papel, com que dor. Crie três personas prioritárias. Faça isso com dados e entrevistas.
Persona 1 — Técnico da Revenda
- Motivadores: reduzir tempo de diagnóstico, ampliar credibilidade técnica, receber suporte rápido para recomendações.
- Objeções comuns: pouco tempo para conteúdos longos; receio de soluções complexas sem suporte local.
- Canais preferidos: visitas técnicas presenciais, WhatsApp (grupos da revenda), eventos regionais técnicos.
- Conteúdo útil: fichas técnicas práticas, vídeos curtos de aplicação em campo, cases regionais.
Persona 2 — Produtor Conectado
- Motivadores: eficiência de custos, tecnologia que prova retorno, agilidade na tomada de decisão.
- Objeções comuns: custo inicial elevado, falta de dados locais que comprovem resultado.
- Canais preferidos: WhatsApp, redes sociais focadas no agro, webinars em horários pós-colheita.
- Conteúdo útil: demonstrações em vídeo, calculadoras simples de ROI, testemunhos de produtores da mesma cadeia.
Persona 3 — Gestor de Frota da Cooperativa
- Motivadores: reduzir downtime, otimizar custo por hectare, padronizar fornecedores.
- Objeções comuns: processos de compra centralizados; contratos longos com fornecedores atuais.
- Canais preferidos: reuniões presenciais, e-mail técnico, eventos de cooperativa.
- Conteúdo útil: estudos de caso operacionais, comparativos de custo total, protocolos de manutenção.
Para cada persona, crie uma jornada curta. Liste os pontos de contato prioritários e o gatilho que move para a próxima etapa. A jornada não precisa ser perfeita. Tem que ser prática.
Cadeia lógica de objetivos: do estratégico ao operacional
Um objetivo estratégico precisa desdobrar em objetivos táticos e operacionais. Essa cadeia evita desalinhamento entre marketing e comercial. Exemplo prático:
- Objetivo Estratégico: ampliar participação de mercado na região Sul em 10%.
-> Objetivo Tático Marketing: gerar 1.200 leads qualificados por ano na região Sul.
-> Objetivo Operacional Comercial: converter 25% desses leads em propostas formais.
Outro exemplo, focado em eficiência:
- Objetivo Estratégico: melhorar eficiência comercial para reduzir custos.
-> Objetivo Tático Marketing: diminuir CAC em 20% por campanha regional.
-> Objetivo Operacional Comercial: reduzir ciclo de negociação de 60 para 40 dias.
Sempre documente assumptos. Ex.: taxa de conversão histórica, ticket médio regional, capacidade de entrega técnica local. Se um número estiver errado, corrija rápido. As decisões dependem disso.
Matriz de priorização de iniciativas: Impacto x Facilidade
Você terá uma lista longa de iniciativas após o diagnóstico. Priorize com uma matriz simples: eixo X = Facilidade, eixo Y = Impacto.
Categorias e sugestões:
- Alto Impacto / Alta Facilidade: campanhas técnicas regionais com suporte de campo; treinamentos rápidos para vendedores.
- Alto Impacto / Baixa Facilidade: mudança de política comercial com revendas; integração de CRM com ERP.
- Baixo Impacto / Alta Facilidade: posts genéricos em redes; materiais institucionais.
- Baixo Impacto / Baixa Facilidade: campanhas nacionais sem foco regional.
Iniciativas que geralmente surgem e como priorizar:
- Campanhas técnicas regionais: alta prioridade se a revenda tem base local e capilaridade.
- Treinamento de vendedores: alto retorno quando o problema é falta de confiança técnica.
- Parcerias com influenciadores agrícolas locais: boa opção para produtores conectados; avalie custo por lead.
Liste 8 iniciativas, pontue impacto e facilidade de 1 a 5. Some e ordene. Comece pelos dois ou três no topo.
Tabela exemplo de metas e KPIs
| Objetivo estratégico | Meta | KPI principal | Prazo |
|—|—:|—|—|
| Aumentar vendas em região X | +10% | Receita por região | 12 meses |
| Melhorar eficiência comercial | Reduzir ciclo em 33% | Tempo médio de fechamento | 12 meses |
| Aumentar geração de leads | +1.200 leads ano | Leads qualificados/mês | 12 meses |
Essa tabela é início. Depois, detalhe por canal e por persona. Cada KPI precisa de fonte de verdade. CRM, ERP e relatórios regionais. Se não tem dados, o primeiro objetivo é implantar medição confiável.
Entregáveis esperados dessa etapa
- Declaração de propósito e 3 objetivos estratégicos claros.
- Perfis das 3 personas prioritárias com jornada curta.
- Matriz de iniciativas priorizadas com justificativa por pontuação.
Esses entregáveis não são enfeite. Servem para alinhar diretoria, comercial e campo. Imprima e leve para reunião. Mostre números. O discurso muda quando tem meta ligada a receita.
Dica prática
Ao definir metas de marketing, ligue sempre a um indicador financeiro. Receita por região. Margem por linha de produto. Isso facilita validação e aprovações em diretoria agrícola. Não peça verba só com métricas de vaidade. Peça verba mostrando impacto em margem ou em tempo de ciclo. A diretoria responde melhor a receita. Sempre.
Uma nota sobre linguagem e conteúdo: produtores querem valor antes de qualquer venda. Trabalhe com conteúdos que comprovem resultados. Se quiser um guia sobre como transformar conteúdo em vendas, veja este recurso sobre gerar vendas com conteúdo de valor: Gerar vendas com conteúdo de valor no agro. Use-o como referência prática para montar trilhas de nutrição por WhatsApp e vídeos em campo.
Pequenas regras para operacionalizar agora
- Regra 1: toda meta tem dono. Nome e e-mail.
- Regra 2: números de base validados em 7 dias.
- Regra 3: revise prioridades mensalmente. Safra muda, prioridade muda.
Exemplo aplicado, rápido e concreto
Uma revenda identificou que 60% das vendas de defensivos vinham de indicações técnicas. O diagnóstico mostrou falta de conteúdo digital para produtores jovens. A ação: criar trilhas técnicas com vídeos curtos e demonstrações locais. Resultado esperado? Mais indicações e leads que fecham mais rápido. Medição: engajamento por região + taxa de conversão pós-visita técnica.
Por que isso reduz desperdício de esforço
Sem foco, o orçamento vai para ações amplas e caras. Campanhas gerais que não entregam leads qualificados consomem tempo. Um diagnóstico com propósito evita isso. Ele aponta onde testar e onde escalar. Pilotos regionais com métricas claras mostram onde investir pesado.
Checklist final rápido (para imprimir e usar agora)
- [ ] Declaração de propósito de uma linha.
- [ ] 3 objetivos estratégicos SMART definidos.
- [ ] 3 personas documentadas com jornada curta.
- [ ] Matriz Impacto x Facilidade preenchida.
- [ ] KPIs ligados a indicador financeiro identificados.
- [ ] Donos das metas nomeados.
Entregue esses itens em uma única apresentação de 3-5 slides. Faça o resumo executivo em 1 slide. Executivos gostam de síntese. Mas tenha o documento técnico pronto para quem pedir detalhe.
Notas finais (curtas)
Não complique. Estratégia é decisão. Escolha onde atacar primeiro. Teste. Meça. Ajuste. Repita.
Lembre-se: depois deste passo vem a tradução dos objetivos em ações, cronograma e indicadores com BSC. A próxima etapa vai pegar tudo que você definiu aqui e transformar em projetos com dono e roteiro de execução. Algumas coisas vão se confirmar. Outras vão precisar mudar. Tá certo. É assim que funciona.
Estratégia, planos de ação e indicadores com aplicação do BSC
Converter objetivos em ações concretas.
O gerente de produto chegou com uma planilha e um desejo: “quero 15% de participação na região Centro-Oeste”. Sem roteiro. Sem dono claro. Só vontade. Foi preciso transformar essa vontade em passos. Em prazos. Em números. E foi aí que o BSC entrou como uma cola prática.
O objetivo aqui é simples e direto: transformar objetivos em planos acionáveis com cronograma, orçamento e indicadores. Sem enrolação. Com foco no agro, adaptando as quatro perspectivas do BSC para conectar finanças, cliente, processos e aprendizado.
Quem faz o quê. E quando.
Vou te levar por 7 etapas práticas. São ações que você pode rodar amanhã. Ou ajustar para a próxima safra. Curto e prático. Sem teoria até o infinito.
7 etapas práticas resumidas
- Priorize iniciativas por impacto e viabilidade. Use a matriz que você já tem. Se não tem, desenhe agora. Faça uma sessão rápida com vendas, técnica e finanças. Corte o que não tem chance.
- Estruture projetos com dono, prazo e entregáveis. Use um Canvas simples de uma página. Cabe em um A4. Será o seu contrato interno.
- Defina orçamento e recursos necessários. Tempo de técnico, deslocamento, mídia, e custos logísticos. Coloque tudo em uma planilha única.
- Estabeleça KPIs por iniciativa e nível. Campanha, jornada e comercial. Cada ação precisa de um KPI que mostre se está funcionando.
- Alinhe governança e rotina de reuniões. Revisão mensal e checkpoint por safra. Faça as reuniões curtas e objetivas.
- Crie um cronograma por safra e ciclo agrícola. Safra manda o timing. Ajuste o plano ao calendário de plantio e colheita.
- Implemente pilotos regionais antes de escalar. Teste com 2-3 revendas. Colecione lições. Repita.
Pequeno truque: coloque um “no go” para cada piloto. Se não atingir X, pare e aprenda. Não insista só por insistência.
Como transformar prioridades em projetos claros
Uma iniciativa é só boa quando tem dono. E dono é quem entrega. Nada de “comitê vai ver”. Defina:
- dono do projeto
- prazo final e marcos intermediários
- entregáveis claros
- orçamento e fontes de custo
- métricas de sucesso
Use o Canvas de 1 página abaixo como checklist.
Modelo de Canvas de projeto (1 página)
- Título do projeto
- Objetivo estratégico
- Público alvo
- Principais entregas
- Métricas chave
- Responsáveis e prazos
- Orçamento estimado
Preencha isso em 30-60 minutos. Monte com a equipe técnica e comercial. Se ficar feio, tudo bem. O importante é clareza.
Orçamento: pense além da mídia
No agro, o custo não é só anúncio. Compute deslocamentos, diárias, horas de técnicos, estoque para demonstração, testes de campo e suporte pós-venda. Uma caminhada técnica pode custar mais que a campanha. Faça a soma.
Inclua também custos intangíveis. Tempo do vendedor em campo equivale a oportunidade perdida. Meça isso. Some.
KPIs por iniciativa e por nível
Cada iniciativa deve ter KPIs em três camadas:
- campanha (ex.: CTR, custo por lead técnico)
- jornada (ex.: taxa de conversão pós-demo)
- comercial (ex.: taxa de fechamento, ticket médio)
Não misture métricas táticas com métricas de resultado final. Uma campanha pode ter bom desempenho de geração, mas a jornada pode falhar. Separe.
Aplicando o BSC ao agromarketing
Adapte as quatro perspectivas para o contexto agrícola. Abaixo, exemplos práticos para cada uma.
Perspectiva Financeira: margem por linha, ROI por campanha, receita por região. Aqui você liga marketing a P&L. Se a ação não tem impacto financeiro, repense.
Perspectiva do Cliente: NPS junto a revendas, taxa de recompra do produtor, share of shelf. No agro, cliente não é só o produtor. É a revenda. É o distribuidor.
Processos Internos: tempo de resposta técnico-comercial, conversão de teste de demonstração em venda. Mapear processos é sua melhor defesa contra variabilidade.
Aprendizado e Crescimento: índice de capacitação da equipe, adoção de ferramentas digitais. Capacitação técnica aumenta conversão. Ponto.
Tabela de KPIs sugeridos por perspectiva BSC
| Perspectiva | KPI Exemplo | Meta |
|—|—|—:|
| Financeira | Receita por região | +10% |
| Cliente | NPS revendas | >= 70 |
| Processos | Tempo de resposta técnico | <24h |
| Aprendizado | Treinamentos por ano | 4 por vendedor |
Use essa tabela como ponto de partida. Adapte metas para sua realidade.
Governança e rotina
- Reunião mensal de revisão tática (30-60 min). Foco em desvios e decisões.
- Dashboard com KPIs por região e por linha de produto. Visão única. Atualizado.
- Checkpoint por safra para avaliar pivot ou escala.
Reuniões longas geram desculpas. Curta, objetiva e com agenda. Leve o Canvas do projeto. Alguém tem que marcar e outro tem que executar.
Dicas de execução
- Comece por pilotos com 2-3 revendas antes de rodar nacionalmente.
- Use automação para nutrição e atribuição de leads. Integração CRM-ERP é crucial no agro.
- Mensure sempre o lead quality. Nota técnica + fit comercial.
Pequeno segredo: medir lead quality faz você gastar menos. E vender mais. Parece óbvio, mas muitos pulam essa etapa.
Como escalar sem perder aderência local
A escala é o inimigo da relevância local. Para evitar isso:
- mantenha um playbook regional com variantes de comunicação e scripts técnicos.
- documente lições aprendidas em cada piloto.
- atualize o BSC trimestralmente com as variantes regionais.
Não aplique uma campanha nacional padrão achando que vai bater em todas as prateleiras. Cultura regional, clima e práticas agrícolas mudam o jogo.
Exemplo prático: Lançamento de linha de fertilizantes de precisão
Dono: Gerente de Produto. Objetivo: 15% de vendas da nova linha na região Centro-Oeste no primeiro ano.
KPIs:
- Leads gerados por demonstração: 400
- Taxa de conversão pós-demo: 22%
- ROI da campanha regional: >= 2x
Ações:
- Piloto com 3 revendas com suporte técnico durante uma safra.
- Conteúdo técnico em vídeo + trilha de nutrição por WhatsApp.
- Treinamento para equipe de vendas e medição dos resultados por BSC.
No piloto, a equipe mapeou o tempo entre demonstração e primeiro contato do vendedor. Era 10 dias. Muito. Reduziram para 48 horas. Resultado: conversão subiu.
Detalhe: cada revenda teve um responsável técnico dedicado. Sem isso, demos viram só números e não vendas.
Canvas do projeto preenchido (resumido)
- Título: Lançamento FertPrecision CO
- Objetivo estratégico: 15% vendas região CO em 12 meses
- Público alvo: produtores de soja e milho de 500+ hectares
- Principais entregas: piloto safra, 3 treinamentos, 12 vídeos técnicos
- Métricas chave: leads demo, conversão pós-demo, ROI
- Responsáveis e prazos: gerente produto (12 meses), 3 RTs locais (safra)
- Orçamento estimado: deslocamento, mídia regional, horas técnicas
Esse Canvas foi a âncora das reuniões mensais. Sem ele, tudo vira opinião.
Lições colhidas
- Piloto com suporte técnico aumenta taxa de conversão em campo.
- Conteúdo curto, objetivo e técnico funciona melhor que longos PDFs.
- Time de vendas precisa de scripts para fechamento pós-demo.
Governança prática
Crie um dashboard simples. Não mais que 6 métricas por iniciativa. Exiba por região e por safra. Atualize semanalmente. Mostre para comercial, técnico e finanças.
Rotina sugerida:
- Segunda-feira: atualização de dashboard (automatizada)
- Terça: 30 minutos de alinhamento tático
- Último dia útil do mês: revisão mensal com decisores
- Final de safra: checkpoint aprofundado para decisão de scale
Gente diversa. Poucas decisões. Velocidade.
Mensuração avançada: Lead to Cash
Mapeie o ciclo do lead até o caixa. Cada etapa precisa de um KPI. Exemplo:
- Geração: leads por demo
- Qualificação: leads com fit técnico
- Conversão: propostas emitidas / propostas aceitas
- Recebimento: prazo médio de pagamento
Com isso você vê onde o funil vaza. Tem custo nisso? Sim. Tem solução também.
Automação e integração
No agro, integração CRM-ERP importa. Automatize registro de visitas técnicas e resultados de demonstração. Use nutrição por WhatsApp quando o produtor pedir. Mas registre tudo. Se não estiver no sistema, não aconteceu.
Mensure Lead Quality
Crie uma nota com pelo menos dois itens:
- fit técnico (compatibilidade com produto)
- fit comercial (capacidade de compra e interesse)
Leads de alta qualidade resultam em menos esforço do vendedor. E em margem melhor.
Escalar com playbook
Quando um piloto passa, transforme o processo em playbook. O playbook deve ter:
- scripts de visita técnica
- checklists de demonstração
- roteiros de nutrição por WhatsApp
- KPIs para report diário
Distribua e treine. Atualize o playbook após cada piloto.
Exemplo de resultado esperado
Um cliente que seguiu esse modelo reduziu o custo por venda em 28% após um piloto de 6 meses. A margem por produto se manteve. Como? Melhor segmentação e treinamento técnico.
Parecer rápido: menos desperdício, mais venda.
Integração com estratégia e propósito
Lembra do propósito e das personas do capítulo anterior? Use-os como filtro. Toda iniciativa deve responder ao propósito. E falar a linguagem das personas prioritárias.
Se o propósito é ajudar revendas a recomendar melhor, então KPIs como NPS e taxa de recompra devem aparecer no BSC. Não adianta ter só métricas de mídia.
Para aprofundar o raciocínio e ver mais práticas sobre comunicação, estrategia e canais, leia sobre marketing no agronegócio: marketing no agronegócio.
Últimos conselhos práticos
- Não crie 30 KPIs. Tenha 6 bons e um painel limpo.
- Pilote rápido. Aprenda mais com 3 revendas do que com 20 cheios de ruído.
- Vincule sempre objetivo de marketing a indicador financeiro.
- Atualize o BSC a cada trimestre.
Aplique. Teste. Ajuste. Repetir.
Se algo falhar, documente. Erro bem contado vira playbook. E playbook vira escala. Simples.
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Sobre
Mentoria especializada com Ben Martin Balik: orientação prática para implementar Planejamento Estratégico no agro, templates de BSC adaptados ao setor, treinamentos para equipes de vendas e marketing, e apoio na execução de pilotos regionais. Programas presenciais e online com roadmap de 90 dias para medir resultados por safra.