Os ensinamentos david ogilvy são atemporais e se aplicam perfeitamente ao agromarketing, especialmente quando falamos de campanhas agro. Você já sentiu que suas campanhas digitais no agro não comunicam com clareza o valor técnico e comercial do seu produto? David Ogilvy ensinou a tratar o público com inteligência — “O consumidor não é um idiota.” — e isso vale para produtores, técnicos e revendas. Este conteúdo apresenta 10 ensinamentos de Ogilvy adaptados ao agromarketing, com passos práticos para aplicar em e-mail marketing, redes sociais, conteúdo técnico, landing pages e anúncios de produto. Ao final você terá métodos para melhorar títulos, ofertas, provas sociais e mensuração, tudo com foco em resultados comerciais para Agro Indústrias, Revendas Agrícolas, Lojas de Maquinários, Indústrias de Insumos e Agritechs.
Conheça seu público e trate-o como profissional

Era uma feira. Um estande lotado. O vendedor falou bonito. Prometeu resultados milagrosos.
O produtor sorriu. E foi embora. No caminho, comentou com o técnico: “fala bonito, não diz o quê”. Curioso? Não. Comum.
David Ogilvy tinha uma frase que cabe bem aqui: O consumidor não é um idiota. Ele queria respeito. E queria verdades. No agro, quem decide compra entendeu ciências. Tem prática no campo. Tem histórico de safra. Tratar esse público como leigo é erro que custa venda, reputação e tempo.
Vamos direto. Campanhas que banalizam falham. Mensagens que simplificam demais geram desconfiança. Jargão vazio também. A resposta não é complicar. É respeitar. Explicar com clareza técnica. Mostrar números. Mostrar contexto.
Um caso curto. Uma revenda lançou material com imagens bonitas e promessa genérica. CTR subiu. Conversão caiu. O motivo? Quando o produtor clicou, o PDF não tinha dados de testes. Só claims. Resultado: bounce. Reclamação para o técnico. Perda de oportunidade. Pequeno desperdício. Mas evitável.
Solução prática. Comece pela pesquisa. Não adivinhe. E não baseie tudo em opinião interna. Faça entrevistas rápidas com três perfis: produtor, técnico da revenda e comprador institucional. Perguntas simples. Exemplos:
- Quais são suas fontes de decisão?
- Que indicadores você usa no talhão?
- Quanto tempo você gasta avaliando nova tecnologia?
As respostas mostram o nível de detalhamento necessário. Mostram a linguagem certa.
Depois, segmente. Use CRM e histórico de compras. Separe por porte: pequeno, médio, grande. Separe por cultura. E por perfil técnico: prático, pesquisador, orientado a custo. Essa segmentação não precisa ser perfeita. Precisa ser útil.
Algumas ações concretas, fáceis de implementar:
- Faça entrevistas curtas com três a cinco clientes-chave.
- Analise vendas dos últimos dois anos para padrões.
- Monte listas por cultura e porte.
- Crie personas técnicas, com métricas que interessam a cada uma.
Mensagens que respeitam o conhecimento são diferentes. Substitua chavões por dados. Troque superlativos por percentuais. Use parâmetros que o público conhece.
No título, por exemplo, evite promessas vagas. Prefira: Aumente a eficiência de pulverização em 15% com bicos calibrados X. Curto. Claro. Tem número. Informa benefício técnico e comercial.
No corpo do anúncio, entregue fatos. Mostre testes de campo. Explique o protocolo: dose, condições, número de repetições. Dê contexto: clima, tipo de solo, híbrido usado. Tudo isso eleva a credibilidade.
Exemplo prático. Imagine que você é uma revenda. Quer comercializar um fertilizante de liberação controlada. A landing page deve ser pensada assim:
- Título técnico direto. Sem exagero.
- Um resumo com números de teste: t/ha e % de retenção de nutrientes.
- Um testemunho de produtor local, com dados de safra.
- CTA para download do relatório técnico.
Na página, coloque um pequeno sumário técnico logo no topo. Depois o relatório completo. Ofereça a versão curta e a longa. O visitante escolhe. Profissionais gostam de opção.
Alguns detalhes que fazem diferença:
- Use tabelas simples. Comparação antes/depois é clara.
- Insira gráficos de tendência, se possível só com eixos limpos.
- Cite instituições de pesquisa ou parceiros técnicos, sem exagero.
- Adicione um glossário para termos menos comuns.
O testemunho deve ser econômico. Não precisa de romance. Só fatos: quem é o produtor, área testada, ganho em t/ha, condição do ano, conclusão prática. Ex.: “Produtor da região X, 120 ha testados, +0,6 t/ha na safra 2023.” Pronto.
Pesquisa e segmentação técnica. Não é luxo. É eficiência. Veja como uma pequena rotina pode mudar campanhas:
1) Toda campanha: 3 entrevistas rápidas (produtor, técnico de revenda, comprador).
2) Agrupe respostas por similaridade. Não mais que cinco grupos.
3) Ajuste criativos para cada grupo. Não é preciso criar 10 variações. Faça 2-3 bem pensadas.
E sobre tom de voz? Ajuste conforme canal. Uma tabela rápida ajuda a alinhar o time e evitar erros na aprovação de criativos.
| Situação | Tom recomendado | Motivo |
|—|—:|—|
| Comercial B2B (revenda -> produtor) | Profissional e direto | Credibilidade técnica gera conversão |
| Anúncio em redes sociais | Conciso e informativo | Atrai para conteúdo mais técnico |
| Conteúdo técnico (PDF/relatório) | Completo e referenciado | Sustenta decisão de compra |
Use isso como regra, não como dogma. Às vezes, um anúncio mais leve chama atenção. A chave é não prometer o que o material não entrega.
Pequenas práticas que valem ouro:
- Use linguagem clara, técnica quando precisa, e explique termos.
- Ofereça um glossário para quem quiser se aprofundar.
- Evite tratar técnico como leigo. Isso reduz confiança.
- Mostre testes locais sempre que possível.
A segmentação por porte e perfil técnico facilita personalização.
- Produtores pequenos tendem a querer provas rápidas e baixo custo de adoção.
- Médios precisam de números que justifiquem investimento.
- Grandes OLHAM para ROI e escalabilidade.
Isso determina o conteúdo do criativo, o formato do relatório e a oferta.
Ofertas práticas que convertem mais:
- Amostra para 1 ha com orientação técnica.
- Demonstração em campo com comparativo visível.
- Relatório de ROI personalizado para a fazenda.
E-mails e landing pages devem falar a mesma língua. Conectar mensagens evita atrito. Se o e-mail promete dados técnicos, o link deve abrir um relatório com dados técnicos.
Não esqueça o timing. Produtores têm ciclos. Campanhas fora do ciclo geram pouco interesse. Um envio de conteúdo técnico na época de decisão rende muito mais.
Um ponto muitas vezes esquecido: visualize os dados. Produtor gosta de ver o resultado. Gráfico simples, foto do talhão comparado, tabela de custos. Não encha de texto.
Conteúdo que respeita o público também pensa na equipe interna. Treine vendedores e técnicos. Dê scripts, mas não memorize. Explique o raciocínio por trás dos números. Treinamento curto. Prático. Role-play para perguntas difíceis.
Quando incluir provas sociais, escolha imagens e palavras com credibilidade. Um depoimento local vale mais que um certificado distante. E sempre peça autorização e dados que apoiem o claim.
Um filtro útil antes de publicar qualquer peça:
- A peça responde a perguntas técnicas básicas?
- Tem dados verificáveis?
- O tom respeita o receptor?
- A oferta é coerente com o conteúdo?
Se alguma resposta for não, revise.
Quer um pouco mais de praticalidade? Visite um material que descreve perfis de produtores. Pode ajudar a montar suas personas: Perfil do produtor rural no agronegócio. Use como referência para ajustar mensagens por cultura e porte.
Por fim, lembre-se: respeito gera atenção. Atenção gera confiança. Confiança gera conversão. Ogilvy não falou só de palavras. Falou de honra. Honre o público. Trate-o como profissional. Dê o que ele procura: dados claros, contexto e oferta prática.
Isso liga direto com o próximo desafio: títulos que convertem. Se você já segmentou e tem provas, o título passa a ser promissor. Mas se o título promete demais e o conteúdo não entrega, esquece. Ogilvy sabia disso. Nós também devemos saber.
Imagem sugerida: produtor analisando dados com técnico. Gesto de concentração. Campo ao fundo. Iluminação natural. Estilo documental. Alta qualidade.
Dicas finais rápidas:
- Prefira números reais a adjetivos.
- Divida informações em blocos curtos.
- Sempre cite a fonte dos dados.
- Atualize materiais a cada safra.
Poucas coisas são piores que prometer muito e entregar pouco. No agro, promessas vazias se espalham rápido. A abordagem técnica, porém, cria defensores. E defensores vendem pra você, sem estardalhaço. É simples. Funciona.
Títulos, provas e ofertas que convertem no agro

Havia um anúncio que parecia perfeito. Foto bonita do talhão, técnico sorrindo, logo da empresa. O clique? Ralo. A landing? Abandonada. A diferença estava no título. Ogilvy dizia que o título responde por grande parte do sucesso. No agro isso vira regra, não exceção.
Comecei a ver isso numa campanha para uma revenda. O primeiro título foi genérico: aumento de produtividade. Resultado: CTR baixo. Reescrevemos. Colocamos número. Colocamos cultura. Colocamos benefício por hectare. Em duas semanas o tráfego qualificado dobrou. O que mudou? A promessa ficou concreta. O produtor viu valor real, rápido. É simples. Mas poucos fazem.
Por que títulos fracos funcionam tão mal no campo? Três motivos curtos:
- Produtor não gosta de vagueza. Quer número. Quer saber o impacto por hectare.
- Técnicos avaliam parâmetros. Título impreciso é desconsiderado.
- Mensagens muito generalistas competem com milhares de outros anúncios.
A solução prática é direta e funciona em qualquer escala. Três alavancas: título com benefício mensurável, prova social técnica e oferta clara. Juntas, formam um tripé que converte. Vou destrinchar cada parte, com exemplos e uma checklist pronta pra usar.
Títulos com benefício mensurável
Um bom título responde à pergunta: “o que eu ganho?”. E responde com números. Exemplo: redução de custo, aumento de produtividade, economia em insumos. Números não precisam ser exatos ao centavo, mas devem ser verificáveis. Se for estimativa, deixe claro. Se for média de testes, diga.
Regras práticas:
- Use porcentagens e unidades por hectare quando possível.
- Diga o ponto de comparação: antes/depois, com/sem.
- Seja específico com a cultura e a etapa do ciclo.
Frases curtas. Teste rápido. Algum exemplo que usei recentemente: Reduza 20% do custo de insumos por hectare em soja com adubação X. Funciona porque tem número, cultura e o tipo de benefício. Outro exemplo prático: Teste grátis de 1ha: comprove 12% a mais de retenção de umidade. Oferta e prova já no título. Simples.
Não exagere. Evite promessas impossíveis. O erro comum é transformar título em jargão de vendas. Produtor percebe. Perde confiança. A credibilidade vale mais que um clique a mais.
Prova social técnica
Prova social no agro tem que ser técnica. Depoimento sem dados vira boca vazia. Quem decide no campo quer antes/depois, números de safra, métodos do teste. O ideal é combinar três tipos de prova:
- Estudo de caso com dados por hectare e condições do teste.
- Testemunho local, com nome e localização geral do produtor.
- Certificação ou selo de instituição de pesquisa reconhecida.
Como apresentar isso sem encher a landing de texto? Use camadas. Um cartão com o resultado mais impactante no topo. Abaixo, o resumo técnico com parâmetros: dose, janela de aplicação, clima, base do solo. Depois, o PDF com o estudo completo pra quem quiser baixar.
Depoimento é bom, mas enfeite com números. Exemplo: produtor A, região X, safra Y: +0,9 t/ha em soja, comparação com testemunho. Não precisa ser complexo. Mas precisa citar condições. Se o público for técnico da revenda, apresente dados mais densos. Se for produtor, destaque resultado por hectare e economia.
Oferta clara
Uma oferta mal definida afasta. No agro, ofertas com atrito demais não são convertidas. Exemplo: “fale com a gente” sem incentivo prático não funciona. O que funciona?
- Demonstração em campo com agendamento fácil.
- Amostra grátis controlada por área: por exemplo 1ha.
- Cálculo de ROI personalizado: você envia os dados e recebe a projeção por talhão.
Ofertas devem incluir expectativa de tempo. Ex: teste de 1ha em 90 dias para avaliação. Ou amostra para monitoramento por 30 dias. Pra que isso? Produtor sabe quanto tempo cada resposta demanda. Se a oferta for vaga, é descartada.
E o CTA? Claro e técnico. Ex: Agende demonstração em campo — disponível na sua região. Baixe o relatório técnico — mostra testes de safra. Peça amostra para 1ha — logística rápida. Frases curtas. Diretas. Sem rodeios.
Lista de verificação para um título eficiente
- Contém benefício concreto?
- Tem números quando possível?
- É específico para o público (ex: soja, milho, pecuária)?
- Complementa o criativo visual?
Use essa checklist antes de rodar o primeiro teste. Pode salvar tempo e verba. E se o título cumprir 3 de 4 itens, é quase sempre melhor que a versão inicial.
Exemplos de títulos que funcionam
- Reduza 20% do custo de insumos por hectare em soja com a adubação X.
- Teste grátis de 1ha: comprove 12% a mais de retenção de umidade.
- Aumente 0,7 t/ha em milho com manejo de nitrogênio otimizado.
- Economia de R$ 150/ha na pulverização — calibração comprovada em campo.
Repare: todos apontam resultado, cultura e medida por área. Isso facilita que o leitor avalie interesse em segundos.
Tabela: Tipos de prova e aplicação
| Prova | Uso no agro | Exemplo |
|—|—|—|
| Estudo de caso | Landing page e PDF técnico | Produtor A: +0,9 t/ha em soja (ano safra) |
| Testemunho local | Anúncio segmentado por região | Depoimento do técnico da revenda X |
| Certificação | Página de produto | Selo de entidade de pesquisa |
A tabela não precisa ser colocada inteira no anúncio. Use trechos. No anúncio -> o dado mais forte. Na landing -> o estudo completo. No PDF -> metodologia. Pontue sempre como o teste foi feito.
Como combinar título, prova e oferta em uma campanha
Imagine a jornada: banner no feed, clique, landing com estudo, CTA pra amostra, técnico agenda visita. Cada etapa tem papel. O título atrai o clique. A prova reduz o ceticismo. A oferta converte o lead em demonstração.
Na prática:
- Título no anúncio com número e cultura.
- Criativo visual que mostra fruto da aplicação, gráfico simples ou talhão antes/depois.
- Landing com resumo técnico e botão pra solicitar amostra ou agendar demonstração.
- Formulário curto mas com campos técnicos: hectares, cultura, estágio da lavoura. Esses dados filtram leads e facilitam ganho comercial.
Não repita tudo na landing. Faça camadas. Primeiro: resultado. Segundo: prova. Terceiro: oferta. Depois, material técnico para download.
A/B teste e segmentação
A/B teste é obrigatório. Experimente versões com e sem números. Experimente títulos que mentionam cultura vs títulos mais generalistas. Teste também a oferta: amostra vs demonstração em campo.
Algumas hipóteses para testar:
- Título com número vs título sem número.
- Oferta: amostra de 1ha vs relatório técnico grátis.
- Prova: depoimento local vs estudo de caso técnico.
Métricas que importam: CTR, taxa de conversão na landing, taxa de solicitação de demonstração, custo por visita técnica. Essas métricas mostram qual combinação funciona de verdade.
Direcionamento por cultura e etapa
No agro, contexto importa. Um título que funciona no plantio pode falhar na colheita. Segmente por cultura, e por etapa do ciclo. Exemplo: campanha para plantio de soja deve focar estabelecimento de plantas e economia de sementes. Campanha para fase de pós-emergência fala de retenção de umidade e sanidade.
Faça variações pequenas mas relevantes. Troque a palavra que descreve a etapa. Adapte a métrica: sementes por hectare, variação de rendimento em t/ha, economia em insumos por ciclo. Isso aumenta relevância e CTR.
Copy curta, visual direto
Combine o título com visual que comprove. Um gráfico simples costuma ser mais convincente que uma foto bonita. Mostre barras: antes e depois, média de produção por hectare. Se usar foto, prefira close no resultado: espiga cheia, grão numeroso, folha com vigor. Mas inclua o número no título. A combinação é poderosa.
Erros comuns e como evitá-los
- Usar superlativos vagos. Evite: melhor do mercado. Prefira: média de +0,5 t/ha em teste X.
- Esconder condições do teste. Sempre mencione contexto.
- Formulário longo demais. Perde conversão. Capture o essencial e complemente depois.
Dicas extras, rápidas
- A/B teste títulos com e sem números.
- Combine prova técnica com visual que mostre resultado.
- Em anúncios pagos, direcione títulos por cultura e etapa do ciclo.
- Ofereça ROI personalizado como último empurrão pra quem está indeciso.
Algo que poucos fazem: integrar o histórico de vendas e CRM para escrever títulos que respondam a objeções reais. Por exemplo, se muitos leads reclamam de custo, use título focado em economia. Se dúvida é eficácia, use estudo de caso.
Se quiser um recurso prático sobre como ajustar imagens nas peças, veja o guia de marketing para empresas do agro. Lá tem orientações úteis pra combinar imagem e mensagem.
Por fim, lembre: título não é arte abstrata. É ferramenta comercial. Um título bem construído poupa tempo do vendedor, reduz perguntas óbvias e aumenta qualidade do lead. Ogilvy era direto nisso — escreva menos, diga mais. Funciona no campo, funciona na cidade. Faça o teste. Reescreva. Teste de novo. E não caia na tentação de generalizar. Produtor quer número. Dê o número.
Criatividade fundamentada em dados e mensuração focada em resultado

Havia um gerente de marketing numa revenda que gostava de anúncios bonitos. Fotos perfeitas. Textos inspiradores. Resultado? Muitas curtidas e quase nenhum pedido de amostra. Ele contou isso num almoço. Eu respondi: criatividade que não vende é decoração. Ogilvy dizia que criatividade deve vender. Ponto. No agro isso tem tradução prática e crua: vender significa agendamento de visita técnica, pedido de amostra, teste no talhão e, finalmente, volume no pedido. Nada místico. Métrica pura.
A primeira lição é simples e direta: beleza sem objetivo não paga safra. A segunda lição é menos óbvia: dados tornam a criatividade acionável. Quando você cria com KPIs na cabeça, cada manchete tem um propósito. Cada imagem aponta para uma microconversão. Parece técnico? É. E funciona.
Imagine um caso real, só que simplificado. Uma equipe lançou duas versões de landing page. Uma mostrava depoimentos emotivos. Outra entregava um PDF técnico com dados de rendimento. Ambas bonitas. A primeira teve 3x mais cliques nas redes. A segunda gerou o triplo de pedidos de amostra. Resultado: o segundo criativo vendeu mais. Moral: medir é escolher vencedor.
Como transformar criatividade em vendas no campo. A resposta é prática. Passe por três etapas: definição de KPIs, conexão entre dados digitais e campo, e experimentação controlada. Sem essas três, você fica só com artes bonitas e relatórios de vaidade.
Defina KPIs comerciais claros.
- Leads qualificados por cultura.
- Agendamentos de demonstração em talhão.
- Pedidos de amostra por hectare.
- ROI por canal.
Cada KPI deve vir com um número-alvo. Sem meta, não há revisão útil. Sem meta, não há aprendizado.
KPIs devem falar a língua do time comercial. Não adianta medir impressões se quem fecha pedido precisa de visita técnica. Traduza impressões em ações. Transforme cliques em visitas. E visitas em contratos.
Conecte digital e offline.
Use UTMs em links. Simples, porém ignorado. Reserve telefones exclusivos por campanha. Faça formulários que capturem dados técnicos: hectares, cultura, ano de plantio, perfil de máquina. Esses campos parecem chatos. Mas filtram 70% do ruído. No agro o que interessa é relevância técnica.
Um formulário com “hectares” e “máquina” identifica quem realmente vai testar a solução. Um formulário só com nome e e-mail gera lixo. Não tenha medo de pedir dados. Peça com clareza. Explique o porquê. Ofereça algo útil em troca: cálculo de ROI, checklist agronômico, relatório gratuito de 1 talhão.
Experimentos controlados.
Nem toda ideia merece orçamento alto. Teste antes. Faça A/B de landing pages. Variação A: prova social com depoimento. Variação B: estudo de caso técnico com números. Meça taxa de conversão para visita de campo. Compare custo por visita. Compare custo por fechamento esperado.
Teste também criativos. Variação A: título com benefício genérico. Variação B: título com número e cultura específica. Lembra do capítulo sobre títulos? Use isso. Métricas devem decidir.
Agora, passos para mensuração eficiente. Não é um checklist mágico. É processo. Faça isso com disciplina e rotina.
- Mapeie a jornada do produtor. Comece pelo tráfego. Passe pelo conteúdo técnico. Termine no fechamento.
- Tráfego -> Conteúdo técnico -> Pedido de amostra -> Visita técnica -> Fechamento.
Trace os pontos de contato. Anote como cada canal alimenta o próximo estágio.
- Atribua valor comercial a cada microconversão.
- Exemplo: visita técnica = R$X em probabilidade de venda.
- Pedido de amostra = R$Y em probabilidade.
Não invente números aleatórios. Use dados históricos do CRM. Se não tem histórico, estime conservadoramente e atualize mensalmente.
- Implemente um dashboard mensal.
- Mostre CAC por segmento.
- LTV estimado por cultura.
- Taxa de conversão por canal.
Dashboards não são apenas gráficos bonitos. São contratos entre marketing e vendas. Se o painel diz que um canal custa demais, a equipe muda o criativo ou pausa a verba.
- Atribuição e janela temporal.
No agro, a jornada é mais longa. Uma ação hoje pode virar teste daqui a três meses. Portanto, escolha janelas de atribuição maiores. E mantenha rastreamento de longo prazo de cada lead. - Feedback do campo.
Integre relatórios de field trials ao CRM. Cada técnico que visita um talhão deve registrar resultado, fotos e observações. Isso fecha o loop entre promessa criativa e evidência real.
Exemplo de relatório simplificado:
| Métrica | Canal A | Canal B | Observação |
|—|—:|—:|—|
| Cliques | 1.200 | 800 | Canal A com título técnico melhor |
| Leads qualificados | 120 | 40 | Formulário técnico filtrou qualidade |
| Visitas técnicas agendadas | 30 | 6 | Canal A converte melhor em field trials |
| Taxa de fechamento estimada | 20% | 25% | Bate menor volume mas maior qualidade |
Leia a tabela sem romantismo. Canal A trouxe volume e mais visitas. Canal B trouxe menos leads. Mas cada lead de B tem maior chance de fechar. A decisão não é simples. É comercial. Você escolhe equilibrar volume e qualidade.
Dicas práticas e rápidas. Curta e direta.
- Automatize nutrição com conteúdo técnico por cultura.
- Use fluxos que disparem checklists e convites para demonstrar produto no talhão.
- Registre resultados de field trials com fotos e números.
- Vincule esses relatórios ao CRM.
- Crie relatórios visuais para vendas e P&D. Ogilvy amava clareza.
Ferramentas importam, mas processo importa mais. Ferramentas sem disciplina geram ruído. Se quiser uma leitura sobre ferramentas digitais relevantes ao agro, veja este guia sobre ferramentas digitais essenciais para marketing no agro. Ele ajuda a escolher stack e sprints de implementação.
Um ponto frequentemente esquecido: mensurar também as conversas. Ligações, WhatsApp, reuniões presenciais. Registre origem. Use números exclusivos por campanha. Peça no início da ligação: “Me diga qual anúncio você viu”. Pode parecer tosco. Mas funciona.
Mensuração não mata criatividade. Pelo contrário. Dá munição para ela. Vou explicar com um exemplo narrado.
Havia uma agritech pequena que oferecia telemetria. Eles foram do óbvio: campanha com imagem de satélite e promessa vaga. Tráfego alto. Pouco retorno comercial. Decidiram mudar. Definiram KPI: custo por demonstração em talhão. Implementaram formulário técnico. Ofereceram relatório gratuito por 1 talhão em troca de dados básicos. Disseram claramente: “relatório prático por 1 talhão”. A taxa de conversão caiu. A qualidade saltou. O custo por demonstração aumentou. Mas o custo por fechamento caiu. Eles finalmente mediram LTV por segmento e descobriram que um teste bem qualificado resultava em contrato anual de maior ticket. Resultado: aumentaram o investimento nos criativos técnicos. Pararam os anúncios que só geravam cliques.
Alguns cuidados práticos para executar bem:
- Não peça dados demais de uma vez. Formulários longos viram abandono. Use perguntas essenciais. Depois nutra para coletar o resto.
- Segmente por cultura e por etapa da safra. Mensagens relevantes convertem melhor.
- Ajuste a cadência de automação. Produtor ocupado não responde a e-mails diários.
- Faça reuniões mensais para revisar hipóteses.
- Documente decisões e aprendizados.
Métricas de vaidade ainda aparecem. Evite-as como alimento. Algumas armadilhas comuns:
- Focar apenas em impressões. Impressões não pagam caminhão.
- Celebrar taxa de cliques sem olhar para taxa de conversão em campo.
- Ignorar o custo por venda e concentrar-se só em volume.
Atribuição multitouch ajuda a entender o papel de cada canal. Talvez um canal crie expectativa, outro fecha a visita. Use modelos simples primeiro: último clique, assistido, linear. Depois avance para modelos mais complexos se tiver dados e equipe analítica.
Outro truque barato e eficaz: telefones e URLs exclusivos por campanha. Dá rastreabilidade sem grandes investimentos. Se o produtor ligou, você sabe qual criativo funcionou. Se o lead entrou por uma landing otimizada, você sabe qual título converteu melhor em pedido de amostra.
Experimentos de criativos técnicos merecem atenção. Teste variações como estas:
- Teste A: Depoimento local com foto do produtor.
- Teste B: Estudo de caso técnico com gráfico antes/depois.
- Teste C: Oferta clara: “teste gratuito 1ha”.
Meça não só cliques. Meça custos por agendamento. Meça custos por fechamento esperado. Priorize o que traz resultado comercial.
Por fim, mensuração é memória organizacional. Mantenha registros de hipóteses, testes e resultados. Sem isso, você repete erros e termina investindo em artes bonitas novamente. A criatividade precisa de limites. Limites dão foco. Foco gera ROI.
Pequena lista de verificação para implementar hoje:
- Defina 3 KPIs comerciais claros.
- Configure UTMs e telefone exclusivo para a campanha atual.
- Crie formulário com 3 campos técnicos mínimos.
- Planeje 2 A/B tests de landing page com janela de 60 dias.
- Monte dashboard mensal com CAC e LTV por segmento.
Você pode ser criativo e responsável ao mesmo tempo. Na verdade, deve ser. A publicidade que mais vende no agro combina bom título, prova técnica e mensuração que fecha o ciclo. Faça a criatividade trabalhar com números. Deixe a vaidade para o pôster do escritório. Aqui se colhe resultado.
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Sobre
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